A história de Jericó não começa em suas muralhas. Ela começa muito antes, no Egito. Antes que o povo de Israel visse as pedras caírem diante de si, eles foram escravos por quatrocentos anos, caminhantes de um deserto árido e testemunhas de milagres que moldaram sua fé. A travessia do Mar Vermelho marcou o início de uma nova vida, mas o deserto revelou algo profundo: libertar-se do Egito era mais fácil do que tirar o Egito de dentro deles.
Muitas vezes, após a nossa conversão, vivemos esse mesmo processo. Deixamos a antiga vida para trás, mas carregamos hábitos, feridas e lembranças que Deus precisa tratar. O deserto, com suas provações, é o lugar onde Ele nos humilha, prova e alinha nossos corações com os d’Ele (Dt 8:2). Não é um lugar para morte, mas para transformação.
Quando o povo atravessou o Jordão, entraram na terra prometida, mas ainda não haviam tomado posse de Canaã. O primeiro desafio foi Jericó: uma cidade fortificada, de muralhas intransponíveis. Era como se Deus dissesse: “A promessa é real, mas cada passo exigirá fé e obediência.” Não haveria aríetes nem armas; apenas sete voltas, sete dias e trombetas tocando. Humanamente, parecia loucura. Espiritualmente, era o caminho para a vitória.
Quantas vezes enfrentamos nossas próprias muralhas logo após conhecer a Cristo? Lutamos contra pecados antigos, medos que insistem em nos cercar, circunstâncias que parecem imutáveis. Olhamos para elas e nos sentimos pequenos, incapazes. Mas é nesse cenário que a fé precisa falar mais alto que a lógica. Hebreus 11:30 nos lembra: “Pela fé caíram os muros de Jericó, depois de rodeados sete dias.”
Note que Deus não pediu que o povo gritasse no primeiro dia. Eles precisavam obedecer e perseverar. Talvez o segundo dia parecesse igual ao primeiro, sem sinais de mudança. Mas cada volta silenciosa era um ato de confiança, e cada passo trazia o povo mais perto da vitória. Quando finalmente gritaram, as muralhas não resistiram.
Nossa caminhada cristã é assim. Fomos libertos do Egito pelo sangue de Cristo, mas ainda atravessamos desertos e enfrentamos Jericós. O processo não termina na conversão; ele se completa quando finalmente herdarmos a Canaã celestial. Até lá, aprendemos que a força não está em nós, mas na obediência ao Deus que derruba muralhas.
Se hoje você encara muros que parecem intransponíveis, lembre-se: a mesma mão que abriu o mar é a que derruba muralhas. Persevere. Caminhe. Toque a trombeta da fé. A promessa ainda é viva. E no tempo certo, o grito da vitória será ouvido.
Deus não nos tira do Egito para morrermos no deserto, mas para aprendermos a confiar nEle até que todas as muralhas caiam.