Quando eu era pequeno, eu tinha certeza de que mesmo quando eu crescesse, eu continuaria alucinado por brigadeiros e tão somente por brigadeiros. Não conseguia entender como os adultos comiam quindins, se tinha brigadeiro.
O tempo foi passando e minhas certezas, naturalmente, mudavam o foco. Eu tinha certeza de que o meu primeiro grande amor seria para sempre. E não conseguia entender como os amores dos outros chegavam ao fim, se amar alguém (como eu amava) era tão completo e perfeito.
Mais adiante, uma nova certeza relativa à eternidade. Eu estava convicto de que aqueles amigos seriam para a vida toda. Lia em vários lugares que uma amizade, se fosse amizade de verdade, jamais acabaria. E causava estranheza perceber como algumas amizades de outras pessoas ficavam pelo caminho.
A primeira certeza que foi derrubada talvez tenha sido a mais dolorosa. Eu tinha certeza de que minha família era imortal. Morriam os pais e as mães dos outros. Não os meus. Os meus seriam eternos. Jamais me passava pela cabeça a mais remota possibilidade de um dia ter que me despedir definitivamente de um deles.
Mas foi o que aconteceu de uma forma bastante precoce. Minha mãe se foi aos 46 anos. E junto com ela, a falsa crença das certezas eternas.
Hoje chama a minha atenção como o tempo passa e tudo muda.
Meu sono não é mais o mesmo. Nem meu paladar. Nem a minha pressa.
Minha resistência à bebida alcoólica está completamente transformada. E o tempo de recuperação de uma bebedeira passou de poucas horas para alguns dias!
As relações afetivas estão completamente diferentes.
Já vivi outros amores “para sempre”.
Tenho mais de 2.000 amigos em redes sociais e praticamente nenhum na vida real. O que causa tremenda surpresa em muitas pessoas. E, confesso, em mim também.
O Natal já não tem mais alegria. A virada de ano perdeu a graça. Assim como a expectativa pela chegada do meu aniversário e sua comemoração.
Ainda que possa parecer, não me refiro a tudo isso em um tom deprimido.
Não sei se por conveniência ou por implicar menos peso, chamo tudo isso de “efeito do tempo”.
E, por chamar assim, agora entendo por que alguns adultos comem quindins ao invés de brigadeiros.
Jack Bianchi é fundador da Humana.Mente (facebook.com/HumanaMente.Brasil),Produtora especializada em conteúdo sobre comportamento humano.
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