JOSÉ REIS CHAVES

O dízimo é bíblico, mas pode ser um mal para doadores e recebedores

Redação O Tempo


Publicado em 09 de novembro de 2015 | 03:00
 
 
 
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O dízimo ajuda na propagação do cristianismo, mas também é causa do seu abandono por muitos decepcionados com o comércio feito com ele por uma parte de seus líderes religiosos. Muitos desses líderes até buscam a política para ganhar fama e mais dinheiro.

O dízimo está tanto no Velho Testamento como no Novo, mas ele era diferente do de hoje. No Velho Testamento, ele é do gado e dos produtos agrícolas, na época das colheitas.

Vamos a exemplos no Velho Testamento: “Também todas as dízimas da terra, tanto do grão do campo, como do fruto das árvores, são do Senhor: santas são ao Senhor” (Números 27: 30); e “No tocante às dízimas do gado e do rebanho, de tudo o que passar debaixo da vara do pastor, o dízimo será santo ao Senhor” (Números 27: 32). “Aos filhos de Levi dei todos os dízimos de Israel por herança, pelo serviço que prestam, serviço da tenda da congregação” (Números 18: 21). “Assim também apresentareis uma oferta de todos os vossos dízimos, que receberdes dos filhos de Israel, e deles dareis a oferta do Senhor a Arão, o sacerdote” (Números 18: 28). Essas instruções foram recebidas e dadas por Moisés. O destino do dízimo, primeiramente, era, os levitas (famílias de sacerdotes), que, por sua vez, davam 10% para o sacerdote Arão, irmão de Moisés.

Havia também um dízimo especial, de três em três anos. E era para uma refeição coletiva de congraçamento, com todos comendo à vontade, e da qual todos da cidade participavam, os levitas, os estrangeiros, os órfãos, as viúvas e os próprios produtores.

No Novo Testamento, ele foi modificado, e, no passado, a Igreja até abusou dele, mas ela evoluiu muito em tudo. Hoje, ela não impõe nada sobre o seu valor, não importando, pois, quem doa nem quanto se doa. Já parte dos protestantes e evangélicos, mais os evangélicos, costumam abusar ainda do dízimo.

O dízimo está para uma igreja assim como está o imposto para um governo. Desconfiemos, pois, dos líderes religiosos e governantes, que, reciprocamente, exploram seus subordinados com dízimos e impostos elevados! “E lhes disse: Está escrito: Minha casa será chamada de casa; vós, porém, fazeis dela uma caverna de bandidos” (Mateus 21: 13).

Jesus não dá muita importância a dízimos: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas!, que pagais o dízimo da hortelã, do funcho e do cominho, enquanto descuidais o que há de mais grave na lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade; é isto que era preciso fazer, sem omitir aquilo” (Mateus 23: 23).
O islamismo tem uma prática interessante de dízimo. Quem é rico, paga dízimo; quem é pobre, além de não pagar, recebe.

Também Paulo, o apóstolo dos gentios, via o dízimo com certa reserva. Um ensino dele demonstra isso: “Não pedimos a ninguém que nos desse o pão que comemos, mas com esforço e fadiga trabalhamos, noite e dia, para não ser de peso para nenhum de vós” (2 Tessalonicenses 3: 8).
O dízimo é um mal, quando o doador pensa que compra o céu doando muito, além de colaborar, assim, com o pecado do recebedor explorador de seus fiéis. (Ver mais: “Dízimo, deve-se ou não pagar?”: www.paulosnetos.net).

O espírita segue são Paulo, já que não come também à custa de seus irmãos de fé, mas trabalha para ganhar seu sustento, vivendo, pois, para o evangelho e não dele!

PS: Palestra “Constelações familiares”, com a psicóloga Magali Caixeta, na Rosacruz Amorc, em 14.11.2015, às 15h, na avenida Portugal, 615, bairro Jardim Atlântico (Pampulha), em Belo Horizonte. Entrada franca.

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