Centenas de especialistas afirmam que é seguro aplicar em fundos imobiliários e em ações, desde que orientado por um consultor. Entretanto, o que temos constatado são grandes calotes, sendo que a maioria não é divulgada pela mídia. Somente um ou outro veículo especializado em economia publica tais notícias, mesmo assim de forma limitada.
A razão deste artigo é levar o leitor à reflexão de como as pessoas têm sido enganadas, pois até mesmo os consultores financeiros se mostram ingênuos em muitos casos. Motivados por receber comissões ou por desconhecer a origem da transação, fazem indicações de maneira simplória.
Não há preocupação do consultor em se aprofundar nos papéis ou produtos que chegam à sua prateleira embalados por propagandas bem elaboradas por experts que vendem sonhos e promessas que fazem milhares de pessoas perderem as economias de uma vida.
Os consultores indicaram aplicar na Magalu apostando num sucesso que não aconteceu, pois as ações despencaram na pandemia. No primeiro trimestre de 2023, houve prejuízo de R$ 391 milhões.
Não vimos os experts alertando ninguém sobre a Americanas – liderada pelos três bilionários, cultuados pela mídia, que controlam também a Ambev –, que surpreendeu a todos com uma fraude de R$ 43,2 bilhões. Esta, inexplicavelmente, não foi captada pela PwC, uma das maiores multinacionais de auditoria do mundo. Como isso pôde acontecer? Quem são os responsáveis por não terem percebido essa fraude durante anos?
Os bancos culpam a diretoria da Americanas, e estes dizem não saber como isso aconteceu. Todavia, é evidente que alguns ganharam muito para enganar e lesar milhares de investidores que têm hoje a ação valendo R$ 1, que em janeiro de 2023 valia R$ 12. Esse filme tem se repetido rotineiramente, mas é pouco divulgado.
Fundos imobiliários: avaliação inverídica é facilitada por falta de conferência
Os fundos imobiliários em certificados de recebíveis imobiliários são mais arriscados do que os de tijolos, pois estes são baseados em galpões logísticos, shoppings, prédios corporativos etc.
Entretanto, os donos desses fundos os lançam em quotas que são vendidas com base no preço que eles arbitram para os imóveis. Agora, fica a dúvida: quem faz tal avaliação? Obviamente, os consultores que os vendem não conferem, pois tais avaliações são sigilosas ou têm divulgação superficial.
Interessante vermos notícias de investidores do Pátria Investimentos, grande empresa de São Paulo que firmou sociedade com o Blackstone, que perderam 38% após a primeira reavaliação e, cinco meses depois, 99,7% do capital investido na segunda reavaliação do fundo de uma controladora de shoppings centers mineira. A quota do fundo, que chegou a valer R$ 1.500, caiu para R$ 4, conforme noticiado em artigo no “Brazil Journal” (veja o link).
Pelo visto, a tradição de comprar imóveis e locá-los continua a ser mais segura, pois nunca cairiam 40% ou 90% da noite para o dia. Não têm seus valores inflados, como ocorre nos fundos imobiliários, pois muitos destes nem são listados na Bolsa de Valores.
Kênio Pereira advogado e diretor regional da Associação Brasileira de Advogados do Mercado Imobiliário