Laura Medioli

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Laura Medioli é escritora e presidente da Sempre Editora, responsável pela publicação dos jornais Super, O TEMPO e O Tempo Betim, além da rádio FM O TEMPO e do portal O TEMPO. Formada em estudos sociais, Laura já atuou como professora e se dedica de forma intensa hoje à causa da proteção animal.

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Bouilla... o quê?

E descubro que aquela salinha gostosa, onde me deleito com meus livros, não é bem uma salinha. Trata-se de um 'lounge' que, segundo o amigo arquiteto, precisa urgentemente de um 'up grade' em seu design, com luz indireta, acústica melhorada e, se quebrar a parede, ainda pode virar um ótimo 'home theater'... Então, tá

Por Laura Medioli
Publicado em 17 de novembro de 2019 | 03:30
 
 
 
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Existem coisas que, decididamente, não entendo. Outro dia, saindo de um cinema em sofisticado shopping resolvo tomar um sorvete. Leio na plaquinha “mint honey pican strawberry”. E pergunto: que bobagem é essa? Nós não estamos no Brasil? A atendente, muito gentil, teve que perder seu tempo comigo e outras pessoas que, naturalmente, queriam saber a tradução do que estavam prestes a comer. Certo que “strawberry”, “cream”, “pineaple”, todo mundo entende. O problema era com os outros, tipo: “frutos do bosque com creme de avelã”. Então, pergunto, para que isso?

E me lembro do caso de um amigo que saiu com a namorada. Início de namoro, querendo impressionar, leva a dita em requintado restaurante. Pede o cardápio, desculpe, o menu e descobre apavorado que a única palavra que consegue ler é “Vin”.

Constrangido, chama o garçom para as devidas traduções, não das bebidas, mas dos pratos. Como é que chega para o sujeito e pergunta: – Por favor, poderia me dizer o que é um “Blanquette de veau”? “Assiette du pêcheur”? “Bouilabaisse”?

E o sotaque? Com aquelas caras e bocas cheias de biquinhos? Passou aperto. Tudo bem que o restaurante sendo francês, o menu pudesse ser em francês, (não necessariamente), mas qual o problema de ter a tradução ao lado? Assim como o sorvete... (o inglês seria uma exigência da franquia? Burrice!) Já que insistem nisso, por que não colocar a tal plaquinha também em português? Plaquinha bilíngue.

Isso para não falar das butiques. Aquelas que escrevem “SALE” de todo tamanho na vitrine. Ai, que preguiça!

Naturalmente, existem termos que acabaram se inserindo ao nosso vocabulário do dia a dia, por exemplo: milk-shake, site, shopping-center, dentre outros. Termos quase que universais no mundo ocidental. Talvez, com exceção da França que, segundo dizem, se você falar inglês, te ignoram, espanhol, te desconhecem. Resumindo: se não falar francês, sinto muito, mas você está lascado. Apesar de que no meu caso não foi bem assim, sempre fui compreendida e bem-aceita falando italiano na terra dos croissants.

Outro dia, sentada próxima a um executivo, falando ao celular com muitos decibéis acima do necessário, escuto o papo (eu e a torcida do Atlético). O sujeito, que não parava um minuto de gesticular, marcava um “brainstorm” em conhecido hotel. O “business meeting” se daria após o “breakfast”, onde seria transmitido um “slide show” aos possíveis investidores. Alguma coisa por aí. E eu, com meus botões: isso tudo para marcar uma reunião, após um café, no hotel tal, onde serão apresentadas propostas, com uma apresentação de vídeos ao possível financiador, simples, não? Pois é, acho que ando meio ultrapassada. Meio démodé, como diria minha amiga Lorraine.

E descubro que aquela salinha gostosa, onde me deleito com meus livros, não é bem uma salinha. Trata-se de um “lounge” que, segundo o amigo arquiteto, precisa urgentemente de um “up grade” em seu design, com luz indireta, acústica melhorada e, se quebrar a parede, ainda pode virar um ótimo “home theater”... Então, tá. Pego meus livros e carrego para o quarto. É mais íntimo, mais tranquilo... Mais eu.

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