Muitas situações podem ser discutidas no futebol. Provavelmente, quase todas. Porém, uma delas nem passa pela minha cabeça sobre a sua importância e utilidade. Estou falando do VAR. No último fim de semana, tivemos a estreia da tecnologia de auxílio à arbitragem nos dois jogos semifinais do Campeonato Mineiro, homologado junto à Federação Mineira de Futebol (FMF). E, no duelo entre Boa x Atlético, teve a participação crucial deste novo momento que vive a modalidade em Minas Gerais.
A utilização do VAR é muito clara: gol/não gol, pênalti/não pênalti, cartão vermelho direto e erro de identificação na distribuição de cartões. O uso se aplica exclusivamente nessas situações. O que vejo é que os envolvidos com o esporte não estão informados disso, o que acarreta uma crítica desproporcional e incabível. Às vezes, soa até mesmo como má vontade.
Honestamente, o VAR veio para ficar e não importa o que as pessoas achem. É um caminho sem volta, como a utilização de vídeo e sensores em outros esportes importantes, como rúgbi, futebol americano, vôlei e tênis. É óbvio que, como qualquer tecnologia nova, sua aplicação será moldada com o tempo. Inclusive, acredito que até mesmo a marcação gestual precisa ser melhor organizada pelos próprios árbitros.
No duelo em Varginha, a arbitragem anulou dois gols do Galo e expulsou o volante Zé Welison com apoio das imagens. Impedimentos claros nos tentos anotados – e por isso, bem impugnados. Além de uma expulsão que, sinceramente, o juiz Rafael Traci, do Paraná, errou em não ter prontamente executado.
Por isso, a minha crítica em relação ao VAR é sobre a acomodação do árbitro de campo. Ele deixa o lance seguir, acreditando que o árbitro de vídeo nunca o deixará na mão. No entanto, ele agindo dessa forma vai perder a autonomia e, possivelmente, a sua importância dentro do campo de jogo.
Inclusive, será algo natural se a Fifa não fizer nada para coibir esse comportamento.
O passo dado foi muito importante para dar um pouco mais de transparência ao espetáculo. O fundamental é que a justiça no futebol – o que muito se discute, inclusive, de maneira equivocada – aconteça em uma proporção muito maior do que vemos. Injustiça do esporte não pode ser confundida com injustiça de regulamento. São duas coisas antagônicas e uma, claramente antiética.
Erros existem e continuarão existindo. Quem não se lembra do acidente do zagueiro Dedé, do Cruzeiro, na partida diante do Boca Juniors pelas quartas de final da Copa Libertadores do ano passado em La Bombonera? Mesmo consultando as imagens, o árbitro paraguaio Eber Aquino mandou o jogador brasileiro para fora de campo. O equívoco foi tão absurdo que a própria Conmebol retirou o cartão e a suspensão do atleta para a partida de volta, em Belo Horizonte.
As ferramentas de trabalho estão disponíveis e só temos que lembrar que homens as manejam. Por isso, o trabalho e o desenvolvimento dos profissionais se tornam mais do que necessários. Elas são fundamentais para que os erros diminuam e a qualidade do esporte aumente cada vez mais.