Após momentos turbulentos, tivemos, enfim, a grande final da Copa Libertadores da América, realizada em Madri. A Conmebol aproveitou a situação vergonhosa que passou nas últimas semanas – além do empate na La Bombonera – e fez o seu grande teste para a final única de 2019, que acontecerá, em Santiago, no Chile.
Do ponto de vista organizacional, os argentinos River Plate e Boca Juniors conseguiram entregar um bom produto televisivo, além de promoverem uma certa (não completa, diga-se) atmosfera sul-americana no Santiago Bernabéu.
Isso, gostemos ou não, vendeu para o continente europeu uma coisa que eles não estão acostumados a ver. Pelo menos não nos países da Europa Ocidental, já que, no leste europeu, a pirotecnia e o calor dos torcedores são mais semelhantes aos latinos.
Apesar das críticas em cima da entidade que rege o esporte no nosso continente, tudo isso a estimulou para tentar montar uma grande decisão, vendida a preço de ouro, no estádio que definirá a próxima Liga dos Campeões. Até mesmo a teoria sobre a final única ser complicada na América do Sul devido às distâncias e à falta de infraestrutura para se locomover ficou enfraquecida. A capital espanhola ficou repleta de argentinos fanáticos pelos seus clubes, mesmo num prazo curto para se organizar a viagem – cerca de dez dias.
Espero, sinceramente, que, a partir deste momento, a Conmebol passe a levar mais a sério o seu produto, aplicando as penas e punições cabíveis em detrimento de qualquer clube. No caso brasileiro, que certamente oferece uma estrutura superior dos nossos vizinhos, é necessário fazer uma pressão maior nos bastidores.
A Libertadores de 2018 ficou manchada pelo uso arbitrário da política, favorecendo a dupla argentina em várias situações já aqui descritas neste espaço, em colunas anteriores. Então, o melhor a se fazer é focar para que em nenhum momento as futuras edições possam ser contestadas, como a que se encerrou no último domingo na Espanha.
Afinal, se a Libertadores é a grande competição do nosso futebol, é necessário se colocar como tal. E que as decisões sejam somente no campo de jogo.
A força do conjunto do River, sem dúvida, foi a principal arma da equipe comandada por Marcelo Gallardo. O treinador – e não vou entrar no mérito da polêmica que aconteceu na Arena Grêmio na semifinal diante do clube tricolor – mostra que está preparado para ser o técnico da seleção argentina. Seu trabalho no longo prazo determinou uma dinastia em seu país, consolidando duas Copa Libertadores e outras importantes conquistas.
Pity Martínez foi o grande destaque, desenvolvendo seu jogo no meio campo e conseguindo ditar o ritmo da finalíssima. O que fica é que todos os jogadores do River Plate se comportaram bem mesmo saindo atrás no marcador em todos os momentos dos dois jogos, levando os duelos com a calma necessária para a conquista do tetracampeonato, num agregado de 5 a 3.
Poucas vezes, nos últimos dez anos, eu vi uma equipe sul-americana tão capacitada como essa para levantar o título mundial. Veremos o que vai acontecer nas próximas semanas.