Tenho presenciado muitas discussões nos últimos dias sobre esse tema. E, apesar de ser polêmico, acredito que temos a necessidade de esclarecer à população, mas, principalmente, de analisá-lo com o carinho que merece. Segundo o IBGE, o número de católicos no Brasil, em 2010, era de 123,3 milhões de pessoas, cerca de 64,6% da população. E, dos evangélicos, na mesma época, correspondiam a 42,3 milhões, ou seja 22,2% dos brasileiros. Pelo apertar do espaço, citamos somente os dois maiores grupos que seguem a Bíblia como referência. Ou seja, no Brasil temos 86,8% de cristãos. Bom salientar também que, inicialmente, devido a Constituição Brasileira de 1824, o Brasil era definido como um país católico, o que foi mudado com o tempo, pois já na segunda Constituição do Brasil, a de 1891, o Brasil se transformou em um país laico, ou leigo. As demais Constituições brasileiras foram sempre no intuito de se aumentar e proteger a liberdade religiosa.
Por que cito tudo isso? Por que nos últimos dias temos vivido um confrontamento desnecessário que não faz parte, ou não deferia fazer parte, da evolução histórica do nosso país. Saímos de uma história que tem demonstrado um aumento no respeito pelas garantias e direito individuais, além, é claro, pela crença e consciência individual, para uma limitação desta. Na realidade as coisas novas sempre trazem modificações, e não podemos nos mostrar contra elas, pois o respeito à individualidade é fundamental. Mas também, se não queremos críticas, não podemos criticar. Se exigimos respeito, também temos que dar. E não é o que temos visto nas últimas manifestações contra o deputado Feliciano. Não sou partidário dele nem mesmo gosto muito ou o conheço, mas ele é um deputado e merece respeito. Ele também é um pastor e merece respeito, E mais, ele é um cidadão e temos que respeitar o seu ponto de vista, principalmente, se esse vem embasado por definições suas ou religiosas. A mesma intolerância demonstrada por ele em seus discursos do passado tem sido mostrada por outros a ele.
Temos ouvido que muitos cristãos foram enforcados no Irã por defenderem a sua fé. Tal fato nos entristece. E não queremos isso para o nosso Brasil. Como também não queremos nem podemos tolerar que pessoas sejam agredidas por sua orientação sexual. No fundo, temos que aprender a respeitar os outros com suas diferenças e, principalmente, amar ao próximo como a nós mesmos. Isso não tem nada haver com concordar com sua forma de viver ou com suas palavras, mas sim, apesar disso.
O que não podemos é fazer valer um direito acima de outro. Já diria o sábio, o direito de alguém termina onde começa o do outro. Viver em sociedade livre, democrática é isso. Você vive como acha correto e eu te respeito por isso. E eu penso e falo o que acho correto e você me respeita por isso. Temos que aprender a caminhar juntos, apesar das diferenças.
Termino com um pequeno extrato da nossa Constituição que eu, como advogado, tenho o dever de defender. Artigo 5º - “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”.
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