Amizade

Presença indispensável

Ele deu à nossa casa uma alegria diferente, que ainda não havíamos experimentado

Por Luciara Oliveira
Publicado em 07 de setembro de 2020 | 00:03
 
 
 
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Foi num dia frio de agosto, cheio de vento, que ele veio morar com a gente. Chegou meio no susto, sem muito planejamento, mas no momento certo.

Visto um dia antes por meio de fotos, entre outros filhotes disponíveis para adoção, ele nos cativou logo de início. Assim, trouxemos para casa um cachorrinho sem raça definida, preto, com manchas amarelas no rosto e nas patas, o peito branco e seu traço mais marcante: um olho azul e outro castanho, característica conhecida como “heterocromia”.

O segundo passo era escolher um nome. Cada um deu várias sugestões, e uma das minhas venceu por aclamação: Bidu. Fã da Turma da Mônica até hoje, assim como os meninos, eu logo pensei no famoso cãozinho azul para batizar nosso novo amigo. E o nome lhe caiu muito bem, acredito.

Nos primeiros dias em casa, um misto de empolgação e insegurança. Afinal, era a primeira vez que adotávamos um cachorro, então surgiram muitas dúvidas. Procuramos vencer essas hesitações iniciais com o máximo de tranquilidade e valiosas dicas de pessoas experientes em matéria de bichos de estimação. Fomos nos adaptando a ele, e ele a nós. Como em todo início de relacionamento.

Pouco mais de um mês depois, a convivência com o Bidu tem sido uma grande festa, apesar das naturais mordidinhas e baguncinhas.

Ele é companhia certa dos meninos explorando todo o quintal, cenário propício para as mais variadas brincadeiras, na terra, na grama, no meio de folhas e flores caídas das árvores ao redor – e para um banho de mangueira num domingo de sol e calor.

Costuma me fazer companhia no home office na parte da manhã, quando gosta de se espreguiçar no chão e aproveitar uma nesga de sol que entra pela janela da garagem. E também ao Fernando, depois de um dia estressante de trabalho, pautado por reuniões e mais reuniões.

Quando a galinha e o galo, seus vizinhos de quintal, conseguem escapar do galinheiro, ele começa a latir para os dois, como se quisesse enfrentá-los, mas estes não se dão por vencidos: ou o ignoram, ou o encaram, o que o faz sair em disparada, talvez com medo dos moradores mais antigos do pedaço. Uma cena digna de Dom Quixote contra os moinhos de vento.

Qualquer coisa que ele encontre pelo caminho vira brinquedo: carrinhos de plástico, um cabo de vassoura, chinelos, o edredom colocado em sua casinha para aquecê-lo, sabugos de milho e cascas de coco achados no fundo do quintal, uma camisa velha. Às vezes, começa a cavar buracos, como se tivesse farejado alguma coisa interessante debaixo da terra – um tesouro de pirata talvez? Ou quem sabe ossos de dinossauros?

Todas essas coisas fazem desse cachorrinho uma presença agora indispensável em nossa família. Ele deu à casa uma alegria diferente, que ainda não havíamos experimentado. O rabinho balançando freneticamente, tal qual um limpador de para-brisa, como dizem os meninos, os olhos, um de cada cor, muito vivos e atentos, o pelo preto e brilhante, as patas macias, o jeitinho de se esticar na grama, como a pedir carinho: assim é o Bidu.

Neste mundo que anda tão complicado, marcado por tantas dores – as nossas e as dos outros –, ele chegou para tornar nosso cotidiano mais agradável e a nossa vida mais suave.

 

Deixo meu agradecimento a Laura Medioli, Daniele Marzano, Thalita Martins e meus irmãos Laura e Lindomar, por me terem incentivado a adotar um cãozinho.

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