A ação política é um meio para a concretização de determinadas idéias e valores, não é um fim em si mesma. Os partidos são instrumentos para canalizar as expectativas da população na construção de projetos coletivos rumo a afirmação da cidadania. Para quem tem uma visão moderna e aberta, os partidos não são seitas ou feudos sectários que sobrepõem suas lógicas individuais ao interesse maior da sociedade. Para quem se inspira no mais puro espírito público, a legítima competição democrática entre partidos não deve levar a uma radicalização artificial de divergências ou a construção de maniqueísmos pobres. A arte da verdadeira política é construir convergências, consensos. Quanto maior a unidade, maior a chance de êxito. Este é o pano de fundo da sucessão municipal e a essência da "Aliança por BH".

A união política liderada por Aécio Neves e Fernando Pimentel é absolutamente consistente e coerente por carregar duas importantes características: 1) traduzir com fidelidade uma prática concreta de parceria governamental que marcou a vida de BH nos últimos seis anos e 2) ser portadora de uma postura radicalmente nova que sinaliza para a reinvenção da política brasileira, no sentido de rompermos as amarras das polarizações estéreis entre PSDB e PT (forças do mesmo campo social-democrata) e construirmos um espaço de diálogo e cooperação, para avançarmos ainda mais o país. Isto desperta enorme simpatia na maioria da população e incomoda muito aqueles que se isolam num autismo narcisista ou num sectarismo míope. Afinal não lutamos tanto contra o oportunismo, os arranjos eleitorais de última hora, as uniões improvisadas e sem conteúdo.

Pois a "Aliança por BH" traduz este compromisso com uma política de alto nível ancorada no interesse público e na coerência. Minas, mais uma vez, inova e se coloca na vanguarda. A afinidade no essencial e a unidade de ação brotaram de uma experiência de cooperação que tantos resultados produziu e tanto apoio popular galvanizou. Isto não é uma abstração metafísica, não é um arranjo incoerente e improvisado de natureza eleitoral, é a essência de uma política focada em produzir resultados para a população. A aliança entre Aécio e Pimentel se materializou na Linha Verde, no Hospital de Venda Nova, na duplicação da Antônio Carlos, no Centro de Especialidades Médicas e em tantos outros projetos. Se Serra, Marta e Kassab estivessem juntos, a população de São Paulo não compreenderia. Mas a "Aliança por BH" está alicerçada na colaboração intensa entre um governo liderado pelo PSDB e uma prefeitura liderada pelo PT.

O que há de absurdo nisso? Por que isso incomoda tanto alguns atores da cena política? A população aprova o espírito que deu base a essa aliança. Ao contrário, não compreenderia se Aécio e Pimentel ficassem em lados opostos na sucessão. Mais uma vez Minas demonstra sua capacidade política. E o Brasil todo está de olho em BH. Porque além de ser a melhor tradução do passado recente da capital, a "Aliança por BH" é portadora de uma importante sinalização para o futuro do país. Márcio Lacerda tem um passado admirável de luta pela democracia e pela justiça social. Tem conhecimento técnico, espírito público e capacidade empreendedora. Encarna o espírito de cooperação que resultou em tantos avanços. É isto que as principais lideranças de Minas e os principais partidos conseguiram enxergar, acima da afirmação sectária e exclusivista de suas identidades individuais.