Pelo fato de o isolamento social ser uma das principais medidas de mitigação da pandemia, o setor do turismo foi impactado de forma significativa. Logo que tiveram dimensão da gravidade da situação, as pessoas correram para adiar férias, cancelar viagens e transformar eventos presenciais em digitais.

O movimento foi rapidamente convertido em números. Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT), a expectativa é que o setor vivencie uma queda de 70% neste ano, a maior desde os anos 50. No Brasil, o turismo perdeu R$ 62 bilhões entre março e maio de 2020, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Ciente da importância do turismo para a economia do país, que apenas em 2019, movimentou no Brasil R$ 136,7 bilhões, conforme a CNC, o poder público tem buscado medidas para ajudar as empresas do segmento a sobreviverem. 

Uma medida provisória publicada em maio, por exemplo, liberou R$ 5 bilhões por meio da linha de crédito do Fundo Geral do Turismo (Fungetur) para atender agências, hotéis, parques temáticos e centros de convenções afetados pela pandemia.

Além dessa ajuda fundamental, outras medidas têm se destacado nesse sentido. A principal estratégia das organizações neste momento tem sido focar no pós-pandemia. A Azul Viagens, por exemplo, passou a oferecer um novo tipo de serviço que funciona como um crédito: o cliente adquire um pacote hoje e pode decidir seu destino posteriormente. O hotel Vogal Luxury adotou uma ação similar. É oferecido ao cliente 30% de desconto na diária para o segundo semestre, desde que ele faça a reserva agora.

A sobrevivência dos empresários que atuam no ramo também depende da observação das tendências e da adaptação. Segundo pesquisa da consultoria Cap Amazon, realizada com mais de 400 agentes de viagem do Brasil, 55% dos entrevistados acreditam que a retomada será mais rápida no âmbito doméstico.

Esse resultado vai ao encontro de tendências observadas internacionalmente, principalmente em países mais avançados no combate à pandemia. Na China, por exemplo, tem crescido a prática do staycation, que são viagens curtas para destinos mais próximos. A rede de hotéis Marriott, no país asiático, observou aumento de 15% na ocupação de sua rede nos últimos dois meses, e a maioria, de reservas domésticas.

Dados como esse indicam uma tendência de retomada do setor após a pandemia. Por isso, o foco no longo prazo é fundamental. A travessia de um momento de instabilidade pelo mercado não significa desaparecimento da demanda. Aliás, pelo contrário.

O isolamento social tem ensinado lições importantes sobre a valorização de uma liberdade da qual as pessoas anseiam usufruir mais do que nunca.