O mercado de ações no Brasil vive um momento de estagnação. Empresas que já demonstraram interesse em abrir capital em 2019 eventualmente optaram por adiar, e a XP Investimentos é um exemplo. A corretora de valores adotou a estratégia de esperar a aprovação da reforma da Previdência para entrar na Bolsa.

A explicação para esse fenômeno está no contexto econômico do país. Com as despesas em alta e a receita estagnada, a dívida pública tem aumentado nos últimos anos. Essa situação, que gerou desconfiança entre investidores e enfraqueceu a Bolsa de Valores nacional, teve consequências que foram sentidas pela população, como inflação, aumento da taxa de juros e desemprego.

A estratégia dos empresários de evitar operações arriscadas é compreensível. Atualmente, há cerca de 30 empresas na mesma situação da XP Investimentos, ou seja, com os próximos passos indefinidos. Cientes de que a melhoria do cenário é de interesse da sociedade, empresários e gestores esperam do poder público uma solução definitiva.

As mudanças na configuração demográfica do país, que expuseram uma discrepância entre os aposentados e a população economicamente ativa, são apontadas como principais motivações da crise. Por isso, o investimento na alteração do sistema previdenciário é visto com otimismo pelos especialistas.

Na tentativa de ajustar as contas públicas, o governo tem apostado na reforma da Previdência. Segundo dados do Tesouro Nacional, o déficit no sistema foi de R$ 290,297 bilhões no ano passado. E, para solucionar o problema, foram propostas alterações que devem afetar várias regras, como as de idade mínima, tempo e alíquota de contribuição.

A expectativa é que, com a aprovação da reforma, a reação do mercado seja rápida. O primeiro efeito será a recuperação da confiança dos investidores, que devem olhar para o mercado e enxergar oportunidades em vez de riscos. O crescimento da economia, de modo geral, será uma consequência inevitável desse processo.

Porém, engana-se quem pensa que a reforma afetará somente os grandes investidores. O reajuste fiscal também deve trazer benefícios na perspectiva da microeconomia. Com a redução da taxa de juros, os investimentos em renda variável, que, atualmente, são considerados instáveis, tornar-se-ão mais vantajosos em relação aos de renda fixa.

Atualmente, todo o mercado de ações anseia por um ajuste rápido nas contas públicas. Mas é importante destacar que o cenário atual é arriscado para todos. De acordo com o Banco Central, a dívida pública representa 78,4% do PIB, e uma pesquisa do Ministério da Economia projeta que, se as transformações no sistema previdenciário não forem aprovadas, esse número será superior a 100% já em 2023. Diante disso, fica claro que a reforma da Previdência é uma necessidade urgente.