“Gostaria de ajudar minha filha, que está com grande dívida no cheque especial, com juros muito altos. Ela se separou há cerca de um ano e meio e ficou com várias despesas antes divididas entre ela e o então marido. Ele ficou desempregado, mudou-se para os Estados Unidos, conseguiu um emprego por lá e está pagando parte dos gastos dos filhos somente agora. Tenho uma economia na poupança e estou pensando em emprestar uma parte dela para que minha filha possa liquidar o cheque especial. Pretendo cobrar juros, como fiz com outro filho meu, há alguns anos, quando emprestei dinheiro para ele comprar um carro. O que você acha? Quanto devo cobrar de juros?” (Maria Fernanda - Belo Horizonte/MG)

Acredito que sua ajuda possa ser fundamental para que sua filha resolva parte do problema da dívida dela. Por que parte? Porque a dívida é somente uma das dificuldades dela, a dívida foi causada por um problema maior. Em função da separação, ela assumiu compromissos além da própria possibilidade financeira, o que provocou desequilíbrio: gasta mais do que ganha. Ela precisa voltar ao equilíbrio. Uma vez que o ex-marido já assumiu parte das despesas dos filhos, esse processo poderá ser mais fácil.

Mas talvez ela tenha que rever algumas escolhas, eliminar ou diminuir despesas. Caso contrário, o desequilíbrio permanecerá, e nova dívida será formada.

A taxa do cheque especial é uma das mais altas do mercado. No início deste ano, o governo determinou um limite de 8% como taxa mensal para o cheque especial, muito alta. A inflação prevista para 2020 é menos da metade disso. Ou seja, em um mês, é cobrado o equivalente a mais de dois de inflação, o que dificulta a quitação da dívida. Conseguir dinheiro com taxa de juros mais baixa pode ajudar sua filha a quitar o cheque especial.

Não há mal algum no fato de a senhora pensar em cobrar juros. E qual taxa deve ser cobrada? Essa economia importa para sua vida financeira, como uma reserva ou mesmo para ajudar a realizar algum sonho. Hoje ela está em uma caderneta de poupança e rende ao ano 70% da taxa Selic, o que dá pouco menos de 3% ao ano, menos que a inflação prevista para 2020. Ter um rendimento maior para esse dinheiro será uma boa. Se, por exemplo, a senhora cobrar 8% ao ano, mais do que dobrará o ganho da sua economia. E sua filha pagará por ano o que paga por mês, uma economia muito grande, cujo valor vai ajudar no processo de equilíbrio financeiro. Esse empréstimo é uma situação em que as duas estarão ganhando. Parabéns pela ideia e pela disposição!

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