Vanessa Mendes
Head de Recursos Humanos Vale, vice-presidente ABRH PA e membro da Open Mind Brazil
Nos dias de hoje, é impossível navegar pelas redes sociais sem se deparar com imagens e postagens que ressaltam apenas as alegrias, conquistas e momentos de pura felicidade. São festas, viagens, momentos na academia. E não sou contra isso, diga-se de passagem. Sou, inclusive, adepta dessas publicações. Contudo, o que realmente me chama a atenção é quando alguém compartilha um dia menos perfeito, um momento de dificuldade, vulnerabilidade, tristeza. Essas postagens, embora mais fáceis de serem ignoradas, têm um poder transformador.
Vivemos em um mundo que muitas vezes impõe a expectativa de vidas impecáveis, recheadas de festas e experiências maravilhosas. Essa barreira da perfeição pode criar uma falsa sensação de incapacidade, fazendo com que muitos se sintam pressionados a esconder suas lutas e dias ruins. Entretanto, a verdade é que todos nós enfrentamos altos e baixos, e ter dias difíceis não é o fim do mundo, é parte da experiência humana. É tão natural que o estranho é não ser naturalizado.
Quando alguém se abre sobre seus desafios, isso não apenas valida as emoções de quem está passando por situações semelhantes, mas também cria um espaço de apoio e compreensão. Eu tive algumas boas experiências nesse sentido, nas vezes em que expus algo fora dessa curva de felicidade enlatada. Recebi mensagens de alguns apenas querendo oferecer ajuda. Outros contatos, de pessoas que se identificaram, agradeceram e pediram apoio. Para mim, este é o maior movimento que poderia acontecer: a criação de uma onda de suporte, do “não estou sozinha”.
Essa vulnerabilidade é uma força que nos conecta, permitindo que possamos trocar experiências, oferecer suporte e nos lembrar de que não estamos sozinhos. E isso não é uma realidade só das redes sociais; acontece no dia a dia do trabalho. O líder é um exemplo para a equipe. Se ele só mostra estar certo, feliz e impecável, o time se sente pressionado a fazer o mesmo, a seguir o padrão. Que times nós criamos em ambientes assim? Quais resultados vamos alcançar?
A verdade é que a vulnerabilidade no ambiente de trabalho pode fomentar um espaço seguro, onde a criatividade e a inovação florescem. Quando os colaboradores se sentem vistos e ouvidos em suas fragilidades, eles se tornam mais dispostos a compartilhar ideias, arriscar, aprender com os erros e, assim, crescer em conjunto. Essa abertura para admitir falhas e incertezas estabelece uma cultura de confiança, essencial para a colaboração eficaz.
Portanto, meu convite é para que sejamos mais reais uns com os outros. Que possamos reduzir as expectativas e os julgamentos e, em vez disso, acolher nossas imperfeições e os dias ruins como parte da nossa jornada. Vamos celebrar a autenticidade, reconhecendo que ser humano é ser imperfeito.