A busca por um projeto de país

Pelo jeito vamos seguir na surrada conversa de caça a um salvador da pátria. Temos, nós, cidadãos, a mania de achar que é possível o milagre de elegermos alguém – de preferência bem fanfarrão – que, a um toque de Midas, transformará o país, espalhando riqueza e dando um fim à corrupção. 

Não, as coisas não são assim. As mudanças que o Brasil precisa começam necessariamente com a mudança de comportamento do cidadão e do eleitor. Encontrar um líder, mas um líder de verdade, não de conversa fiada, deve ser o objetivo a perseguir. É preciso, urgentemente, abandonar a caça ao milagreiro. 

Precisamos urgentemente encontrar alguém capaz de liderar um projeto de recuperação do país. Um projeto que precisa ser de todos os cidadãos, formatado por meio do diálogo franco entre os diferentes setores da sociedade. Não é possível falar em projeto nacional construído por segmentos isolados, que, depois, ficam tentando impingir suas ideias para o restante da sociedade, não se importando em apregoar o uso da força, oficial ou não, contra aqueles que divergem de suas teses. 

Assusta assistir à prestação de contas anual dos diferentes setores da economia que só pensam em seus resultados, só enxergam, ou tentam nos fazer enxergar, apenas os seus números, sem trabalhar seus índices num quadro que envolva toda a economia nacional. Não adianta se pensar apenas em seus próprios negócios, enxergar seus avanços e retrocessos, fora de um contexto mais amplo. Assim como não adianta trabalhadores articularem pautas de reivindicação sem considerar a economia como um todo. 

Emprego teremos com economia em crescimento. Crescimento econômico teremos com a melhoria da renda, do salário do trabalhador/consumidor. 

É preciso pensar juntos. Divergências existem, conflitos de interesse são naturais, mas a falta de diálogo, de superação da convergência para se atingir a convergência possível, é inadmissível. O Brasil precisa acordar para a necessidade de, em conjunto, discutir um projeto de país.

Chega de improviso, em acreditar em soluções ou promessas de demagogos irresponsáveis. Já estamos em 2022 – os dias que faltam pelo calendário são mera formalidade. Num piscar de olhos estaremos seguindo para as urnas. Não podemos chegar lá com o intuito de consagrar pessoas. 

O Brasil tem que ter um projeto que nos assegure não o crescimento, pois, para isso, é forçoso reconhecer, não estamos preparados. Um projeto construído pela sociedade, que permita a construção de um processo que nos leve à frente. Um projeto que nos leve a repensar as áreas da educação, da saúde, da moradia, do saneamento e da segurança. 

Precisamos sair logo dessa discussão monocórdia de combate aos corruptos e à corrupção. É atrás dela que os corruptos se escondem.