Entra ano, sai ano, e continuamos os mesmos. Num ano melhora, no outro piora. É a nossa sina desde sempre. Os homens passam, e os que chegam surgem cheios de promessas vendidas nos palanques da campanha eleitoral. Prometem o que sabem que não vão cumprir, mas falam com tal eloquência que o povo, seja por ingenuidade, seja por pretensa esperteza, acredita.
Bolsonaro foi apenas uma esperança a mais. Convocou nomes como Sergio Moro – então um ícone do combate à corrupção pelo trabalho que desenvolvia na Lava Jato, hoje desmoralizada, morta e enterrada por Bolsonaro, que jurou em palanque mantê-la e prestigiá-la –, general Hamilton Mourão, seu vice, conhecido por seu senso do equilíbrio – hoje escanteado pelo capitão –, e Paulo Guedes – que foi personagem de um artigo aqui, “PG, a nossa esperança”, em fevereiro de 2019, pouco após a posse –, responsável, por seu prestígio intelectual e firmeza na defesa de conceitos econômicos, pela adesão em massa do empresariado à candidatura do até então inexpressivo deputado federal, o capitão Bolsonaro.
Guedes assiste ao esvaziamento de sua equipe, à forma desrespeitosa como é tratado pelo presidente, ao abandono de seu pretenso projeto para o país, sem qualquer reação, e se mantém no cargo agora como um poste, não mais como um “posto usina de ideia”, apenas pela sua imensa vaidade e apego a uma posição.
O Brasil, em breve, passará das 300 mil mortes, e Bolsonaro continua se desfazendo da pandemia que assusta o mundo como se fosse uma “gripezinha”, com um comportamento que, para muitos, beira a paranoia, mas que, na realidade, mostra uma mente doente, sim, mas muito bem articulada na tentativa de esconder o fracasso de um governo que nunca existiu, que nunca teve um projeto, um plano.
Um governo que se legitimou nas ruas usando a mentira, a enganação, e que soube aproveitar-se da fraqueza e, por que não, da falta de legitimidade de seus adversários que hoje são seus parceiros nas tentativas de mudar leis que possam punir os dois.
A esperança, mesmo dos fanáticos bolsonaristas, está se esvaindo, pois ele nem sequer respeita as famílias de milhares de mortos em tão pouco tempo. Muitas mortes que poderiam ter sido evitadas não fosse seu governo um desastre. Não fosse ele um negacionista de conveniência, que buscou os melhores tratamentos quando se disse contagiado.
Politicamente, para tentar se reeleger – no início dizia que era só um mandato para consertar o país –, já se compôs com o “centrão” e distribuiu as benesses que esconjurava como candidato.
Eu, como tantos milhões de brasileiros, votei em Bolsonaro na esperança de que ele governaria com respeito. E nem a vacina ele está assegurando ao povo.