Opinião

A hora é de muita calma

Protestos e tensão política no país


Publicado em 31 de agosto de 2021 | 03:00
 
 
 
normal

O Brasil, queiram ou não, passa por um momento de turbulência política, econômica e até sanitária, com as incertezas quanto à evolução da pandemia da Covid-19. 

Os Poderes não estão se entendendo, e as desavenças estão escancaradas de uma forma que torna difícil, impossível mesmo, uma recomposição mais imediata. Este clima de beligerância entre os Poderes atiça os radicais, alimentados por declarações do próprio presidente, que parece interessado em criar um ambiente de conflito que lhe permita ousar na tentativa de uma ruptura institucional que assegure sua permanência no poder, hipótese que, pelo voto, vai, aparentemente, ficando cada vez mais distante.

Na live Segurança Jurídica, realizada na última sexta-feira, o ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Mário Veloso, e a ministra Cármem Lúcia, disseram que as instituições estão funcionando, mesmo com turbulências e, por isso, não há perigo de ruptura. 

Enquanto nos preocupamos com a segurança jurídica, a pandemia do coronavírus, mesmo com a vacinação avançando, continua matando e deixando sérias sequelas na população. Na economia, alguns setores iniciam a retomada de suas atividades, mas a inflação está em disparada, e os preços já fazem o povo ter dificuldades em comprar até mesmo os gêneros de primeira necessidade. A fome avança. A conta de luz sobe, e o racionamento pode chegar junto com a crise hídrica. 

Acredito que o país poderia estar noutra situação não fosse o espírito belicoso do presidente Bolsonaro, que fala demais e não ouve nenhum de seus ministros. 

Os seguidores e fanáticos bolsonaristas estão aí nas redes sociais – que aceitam tudo – promovendo protesto no dia 7 de setembro com resultados imprevisíveis. Na realidade, a hora é de muita calma, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, foi firme em sua entrevista a “O Globo”, rechaçando qualquer ameaça à democracia. Posicionamentos assim só reforçam o seu nome como uma alternativa como terceira via na disputa presidencial. 

Esta será, com certeza, uma semana de muita tensão política, alimentada pelas constantes provocações do presidente Bolsonaro, a quem, temos que reconhecer, não resta outro caminho para se manter em evidência. A questão é saber até onde vai sua liderança para conter os ímpetos bestiais de alguns de seus seguidores. 

Há um indisfarçado desconforto entre setores mais profissionais das Forças Armadas com a movimentação de lideranças das forças policiais estaduais, e mesmo de milicianos ligados a amigos do presidente. O que preocupa aos mais ajuizados é o desejo de alguns setores das Polícias Militares de assumirem protagonismo político. Isto aconteceu durante o golpe militar de 64, levando a adoção de medidas extremas, como a imposição de um oficial do Exército no comando das tropas estaduais e a delimitação clara do campo de atuação das PMs.

Para evitar a repetição dos anos 60, setores das Forças Armadas cobram dos governadores ação firme contra os militares que estimulem ou participem de atos políticos no 7 de Setembro. Até onde vai esta crise alimentada pelo presidente ninguém sabe ainda. Sabe-se apenas que é o povo que perde com a beligerância do presidente.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!