Paulo César de Oliveira

As ameaças de ontem e de hoje na política

Cuidados para não inflamar radicalismos no Brasil

Por Paulo César de Oliveira
Publicado em 07 de junho de 2022 | 03:00
 
 
 
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 “A Polícia Militar de Minas garante a posse do dr. Tancredo”. A frase de Hélio Garcia, dita assim, fora do contexto, numa tumultuada conversa no Palácio da Liberdade – eu estava lá – após uma solenidade do governo, provocou muitas críticas ao ex-governador chamado de falastrão e outros “elogios” Brasil afora. A afirmativa, foi num momento de tensão política, logo após a vitória do mineiro no Colégio Eleitoral.

O tempo passou, Tancredo morreu e em seu lugar assumiu o seu vice, José Sarney. Em outra ocasião, em conversa com Hélio Garcia explicou a, até então, inexplicada afirmativa.

“Naquele dia fui direto do aeroporto para a solenidade no Liberdade. Tinha passado praticamente toda a madrugada em reunião na Base Aérea do Galeão. Voltei para Belo Horizonte com a orientação para fazer aquele alerta. Era um aviso aos militares contrários ao processo de redemocratização de que haveria resistência dentro das Forças Armadas caso houvesse alguma ação para impedir a continuidade do processo”.

Relembro aqui este fato histórico, do qual fui testemunha, neste momento de conturbação – ou seria tentativa de conturbação – da vida política brasileira, para sugerir calma para não criarmos um ambiente de confronto, que não interessa ao país.

Ameaças atuais à política brasileira

É preciso cuidado com o que se diz para não inflamar os radicais irracionais que, confiantes na valentia que vem dos palanques, se julgam suficientemente fortes e apoiados para se impor, violando leis e regras democráticas. Nunca devemos nos esquecer de uma lei básica da física que diz que “a toda ação corresponde uma reação de igual intensidade, mas que atua no sentido oposto.” Simples assim.

Basta usar os dois ouvidos, e não apenas o que chega ao que nos interessa, para concluir que nenhum lado tem hoje, força suficiente para tentar uma aventura política.

O país tem problemas demais para buscar conflitos internos que em nada vão contribuir para a sua retomada. Temos hoje um mundo em tensão que, mais cedo ou mais tarde – tomara que seja muito mais tarde – vai provocar o agravamento da crise econômica mundial, dificultando ainda mais a nossa recuperação.

Não será pela força, mas pela legitimidade do processo democrático, que vamos escolher alguém com capacidade de liderar um país que precisa assumir seu protagonismo no contexto político mundial, deixando de ser mero coadjuvante sem voz e prestígio ente as nações.

O momento é de decisão. Não de bazófias.

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