PAULO CESAR DE OLIVEIRA

Até quando Renan vai mandar no Congresso?

Redação O Tempo


Publicado em 11 de abril de 2017 | 03:00
 
 
 
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Que me desculpem os otimistas, pois esse é um sentimento fundamental para os que precisam salvar-se da crise, mas o Brasil não tem jeito. Quando se vê um Renan Calheiros, ou “Escandalheiro”, como diz o José Simão, da “Folha de S.Paulo”, posando de sério, ditando cátedra sobre as reformas, supostamente em defesa dos mais pobres, fica difícil, impossível mesmo, acreditar em qualquer solução para o país sob o comando desses que aí estão.

Renan é o modelo completo do político brasileiro – há exceções, nem tantas – que hoje domina o país. É a materialização da falência de nosso Judiciário. E, infelizmente, a confirmação do que um dia afirmou Pelé, e por isso quase foi queimado em praça pública: o brasileiro não sabe votar. Com mais de uma dezena de processos no STF, com uma renúncia vergonhosa da presidência do Senado, após ser flagrado transferindo para uma empreiteira o pagamento da pensão de um filho tido fora de seu casamento, Renan resolve hoje apresentar-se como dissidente, e com uma enorme “cara de pau” pega carona na demagogia dos incapazes e resolve ser contra as reformas que estão sendo discutidas no Congresso.

Sem ter a dignidade de renunciar à liderança do PMDB na Casa, cargo que Temer lhe deu, Renan faz críticas sem apresentar soluções. Não que esteja obrigado a ser a favor das propostas, mas que primeiro deixe a liderança e depois diga por que é contra e aponte soluções. Assumir o discurso fácil de dizer-se defensor do povo, preocupado com o Nordeste, é demagogia barata de quem sabe estar mentindo. E, o mais desanimador, seu discurso encontra eco entre miquinhos amestrados que, como Renan, precisam encontrar algo a falar com seus eleitores. Afinal, 2018 vem aí, e a esmagadora maioria do Congresso não tem o que dizer em sua campanha.

Renan sabe que precisa apresentar-se agora como paladino da justiça. As pesquisas mostram que sua reeleição ao Senado está em jogo. Que hoje seu filho, governador de Alagoas, não conseguiria reeleger-se. Mais: sabe que, a qualquer momento, pode sofrer uma condenação, caso o Judiciário acorde, e, por isso, tenta posicionar-se politicamente. Não duvidem que possa conseguir reverter toda a sua péssima situação.

Há muito o povo perdeu o senso das coisas. E a capacidade de indignar-se. É num cenário assim, com Renan batendo bumbo para doido pular, e deputados de vozes empostadas, afirmando que não aceitam mudar as regras para prejudicar o povo, que se tenta encaminhar as reformas. De Temer pode-se dizer tudo, até chamá-lo de “golpista”, mas não há como negar que tem tido coragem. Coragem de propor e defender mudanças que são necessárias. Deputados, senadores e os chamados “movimentos sociais” poderiam ter a coragem e a honestidade de discutir as coisas com a seriedade necessária. Não apenas fazer o possível. É urgente que tenham a coragem de fazer o necessário. O possível dura pouco.

Para terminar, uma sugestão: se querem ajudar o povo e a Previdência, abram mão do pagamento de emendas parlamentares e de mordomias do mandato. É pouco diante do rombo do setor. Mas é, pelo menos, um gesto de boa vontade.

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