Paulo César de Oliveira

Cuidado com os excessos

Busca de uma visão realista sobre a política brasileira


Publicado em 08 de junho de 2021 | 03:00
 
 
 
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Excessos, tanto de otimismo quanto de pessimismo, não ajudam em nada. Melhor mesmo é tentarmos ser realistas. Ver sem pinceladas de euforia ou depressão o que nos espera em 2022. E falando com realismo e conhecimento de causa, um dos símbolos de nossa má política, Eduardo Cunha avisa que, em 2022, o sonho sonhado pelos ingênuos vai se transformar em pesadelo para o país.

As urnas vão sepultar os que se acreditavam serem os representantes de uma nova política, recolocando em seus lugares os velhacos da velha política que alguns pensavam liquidados politicamente, mas que serão reabilitados exatamente pela incompetência, pelo despreparo e pela desonestidade de propósito dos que se apresentaram como arautos dos novos tempos, figuras execráveis que, de tempos em tempos, surgem na vida dos brasileiros. Surgem, fracassam e desaparecem, deixando frustrações e ressuscitando múmias de nossa política.

Bom, mas este é apenas um dos problemas que desde já tiram o sono dos mais realistas. O pior é a certeza de que serão enormes as dificuldades dos que saírem das urnas de 2022 com a responsabilidade de comandar o país. E não é ser impatriótico, negativista, comunista ou fascista, é apenas ser realista.

Estamos assistindo a uma rápida escalada da radicalização política no país, um processo que, iniciado como estratégia de campanha eleitoral, vai se aprofundando e saindo de controle pela ação de oportunistas de todas as matizes que criam embates – até mesmo religiosos – para obterem ganhos pessoais. E para lograrem êxito em seus objetivos. não se vexam em destruir as instituições e enganar o povo, fazendo dele aliados por desinformação.

O quadro político brasileiro, sem querer ser alarmista, caminha para uma direção perigosa. A radicalização, agravada pela crise sanitária e pela visão míope de alguns falsos otimistas, tornará ainda mais lenta a recuperação de nossa economia, que já padece de uma crônica ausência de planejamento há muito tempo.

Quem assumir o comando do país em 2023, seja ele de que via for, terá que enfrentar, além das questões econômicas, as dificuldades resultantes de um país politicamente dividido e radicalizado.

Queria ter o otimismo dos ingênuos e acreditar que iniciamos uma caminhada rumo à recuperação econômica e social. Infelizmente, minha experiência de observador político me mostra a exacerbação da disputa e a inércia no encaminhamento de soluções, de mudanças. O que não fizermos neste ano de pandemia certamente não faremos no próximo de disputa eleitoral. Tudo ficará mesmo para os próximos ungidos nas urnas.

Se confirmadas as previsões do experiente e calejado nas espertezas do mundo político Eduardo Cunha, não vamos melhorar. Podemos é piorar, pois vamos substituir lambões inexperientes por refinados espertalhões.

Desculpem. Não estou sendo amargo, estou sendo dramaticamente realista. Mas, quem sabe... Milagres acontecem.

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