Paulo César de Oliveira

Depois da tecnologia... acabou a ideologia

Campanha eleitoral para Presidência é sobre disputa de poder

Por Paulo César de Oliveira<HS4>
Publicado em 10 de maio de 2022 | 03:00
 
 
 
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Numa ocasião – acredito que já se passaram uns 30 anos – em encontro com Hindemburgo Pereira Diniz – que foi genro do ex-governador Israel Pinheiro e ocupou a presidência de vários órgãos, entre eles do BDMG –, conversando sobre política, ele foi curto e grosso: “PCO, depois da tecnologia acabou a ideologia”. Isso quer dizer que, no fundo, são todos iguais.

Lembrei-me dessa conversa diante da polarização que vem ocorrendo na sucessão presidencial, na qual querem nos fazer ver que Lula é a esquerda, e Bolsonaro, a direita. Na realidade a briga é pelo poder apenas, e nela a chamada “terceira via” acaba sendo a mesma coisa.

Todos querem o poder, mas ninguém quer mudar nada. Lula ganhou a Presidência, e uma das razões da vitória foi a presença do empresário José Alencar na chapa, garantindo aos petistas oito anos no poder. Lula, nos seus últimos anos de governo, foi acusado de muita corrupção, com o mensalão e petrolão. Mesmo assim, ele elegeu Dilma Rousseff, que, como combinado, ficaria quatro anos, quando, então, Lula voltaria.

Dilma encantou-se com a cadeira presidencial, rompeu o trato e se reelegeu, mas acabou sofrendo o impeachment no meio do segundo mandato. Agora Lula, para tentar o terceiro mandato, se alia ao ex-tucano Geraldo Alckmin.

Para buscar a reeleição, Bolsonaro se apresenta com a chapa militar, trocando seu companheiro, general Hamilton Mourão, por outro general, Braga Netto, com muitas ameaças ao sistema.

Há ainda a terceira via, que está se apresentando, mas até agora sem se cacifar para disputa, embora os adeptos de João Doria garantam que, em junho, o brasileiro verá o excelente governo que ele fez em São Paulo, o que o credencia para fazer o mesmo no Brasil.

O jogo está começando a ser jogado com o lançamento oficial da chapa Lula/Alckmin. Muitas outras estão para se confirmar. Porém, o que se verá é que essa história de esquerda e direita é apenas pela disputa do poder. Quem viver verá.

Mas procuraram sofisticar a disputa presidencial, carimbando esquerda-direita-centro nos candidatos, todos eles visivelmente mais preocupados em conquistar poder, não em implantar modelos ideológicos de governo; nas guerras estaduais e também nas disputas pelo Legislativo, as campanhas são mais diretas. O que se vê até aqui são candidatos prometendo, como sempre, mundos e fundos, sem propostas de como fazer para chegarem ao que estão prometendo. Todos falam em programas sociais para atender aos mais necessitados, sem trazerem para debate qualquer ideia para ações que levem o país para o desenvolvimento estável e prolongado, única forma de tirarmos, mesmo num prazo mais longo, o Brasil da miséria com a qual se acostumou.

Cobro dos políticos mais seriedade e honestidade nas propostas, mas confesso não saber se assim conseguirão conquistar o eleitorado. A sensação – ou quase certeza – que os anos me trouxeram é que o eleitorado prefere mesmo é o lero-lero

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