Estamos na época dos balanços, não de empresas, mas dos diversos setores da economia. O otimismo tem sido o ponto comum na fala das lideranças, alguns mais confiantes, como Flávio Roscoe, presidente da Fiemg, que aposta em crescimento de 3% do PIB em 2020, outros mais conservadores, como Roberto Simões, presidente da Faemg, que, apesar da arrancada do agronegócio puxada pela exportação de carne, fala em crescimento de 2,7%. Construção civil, serviços, comércio e até turismo apostam em crescimento neste ano e índices maiores em 2020, principalmente se forem realizadas as prometidas reformas, que entraram em ritmo de espera, por opção do governo.
Mais importantes do que os números divulgados – na verdade, pequenos diante de nossas necessidades, ainda mais se considerarmos que partem de bases muito baixas – são as mudanças de ânimo no país. Nada se consegue mudar sem otimismo, sem vontade de realizar. E o sentimento que se consolida é o de que a mudança é possível, o que se pede é que o governo apenas não atrapalhe. Que tenha presença menor no setor econômico, cuidando do que é essencial: saúde, segurança e educação. Ainda não se conseguiu isso.
Em saúde e segurança, há a omissão do governo – ou dos governos –, e na educação o que se vê é uma presença estabanada, sem rumo definido. Mas essas são questões que, por enquanto, não preocupam os atores econômicos. Todos têm pressa em crescer, em aproveitar o momento para investir e o interesse dos investidores estrangeiros que estão redescobrindo o país. Este é, sem dúvida, o saldo positivo do governo Bolsonaro.
O que se espera é que, mesmo num ano eleitoral, o país não sofra com a ação dos maus políticos, inclusive daqueles incrustados no governo. Tirar o pé de cima da economia, deixar livres os nossos empreendedores para que eles consigam dar velocidade ao trem da economia, gerando emprego e renda, é o que se espera do governo. Aliás, é apenas nisso que apostam os investidores nacionais e internacionais. É isto que sustenta o otimismo: menos governo, mais crescimento.
Mas, para que o país consiga deslanchar sua economia, será preciso que também os governos estaduais, e até os municipais, mudem suas posturas e avancem nas mudanças. Há até aqui, com raras exceções, um comportamento quase depressivo de governadores e prefeitos, que ficam apenas a lamentar as dificuldades financeiras, sempre atribuídas a antecessores, sem inovar, sem ousar. Temos carências em muitas áreas que, se não resolvidas, desestimulam os potenciais investidores. É possível fazer muito, apesar da falta crônica e inegável de recursos. Para isso é fundamental ter criatividade, capacidade de enfrentar dificuldades e, prestem atenção, jogo de cintura político. Nada se resolve, nas democracias, no arranco, na valentia. Diálogo, capacidade de assimilar ideias dos adversários são caminhos a serem trilhados por governantes e empreendedores. O outro caminho é o da mão de ferro do Estado, com sua enorme capacidade de controlar a economia e abrir estatais.