Opinião

Pedido a Papai Noel

Combate à corrupção e ao radicalismo para corrigir o país


Publicado em 15 de dezembro de 2020 | 03:00
 
 
 
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O Natal está aí. É na semana que vem. Quero pedir licença aos que me acompanham para retornar aos dias de minha infância para pedir ao Papai Noel um presente. Sei que meu pedido não é fácil de ser atendido, daí escrevo com alguma antecedência para que ele veja com sua equipe como resolver o caso. Estou pedindo ao Papai Noel que ele dê um jeito no Brasil. Não é possível continuar como está e, pior, continuar o caminho que vai seguindo. Não é mais possível convivermos com tanta incompetência, com tanto descompromisso com o país, com tanta ambição pessoal e com o estímulo à radicalização como forma de proteção pessoal e de disfarçar a falta de projetos factíveis.

É preciso tomarmos consciência de que nossos problemas – e eles não são poucos – são resultado apenas da má qualidade de nossos políticos. Não, não se pode culpar apenas os políticos pela vergonhosa corrupção no país. Não podemos nos esquecer de que o corrupto é fruto da ação do corruptor. E o corruptor é também o eleitor que volta em alguém na esperança de um ganho pessoal, que seja o asfaltamento prioritário de sua rua, sem pensar nos problemas de toda a comunidade.

Corruptor é também quem alimenta o corrupto aceitando cargo público sem trabalhar ou com a devolução de parte de seu salário, prática que se popularizou como “rachadinha”. Corrupto não é apenas quem aceita propina para superfaturar obras. É também quem, no papel de corruptor, se beneficia da propina que pagou. Tão nefastos quanto corruptos e corruptores são aqueles que não agem para conter a prática. Os que estão no Legislativo e no Judiciário, que não fiscalizam, que não julgam, que cuidam de interpretar as leis conforme interesses ou mesmo de forma a lhes garantir holofotes, compactuam com a situação de impunidade que destrói o país. Assim como contribuem os que têm o dever de investigar e que realizam operações espetaculosas sem que dela se conheçam resultados práticos. 

Dar um jeito no país, lembro ao Papai Noel, vai exigir também conter o avanço do radicalismo de todas as formas que começa a ganhar proporções alarmantes, colocando em risco a estabilidade democrática do país. As opiniões explicitadas por diferentes grupos, seja por meio de redes sociais, seja por meio de veículos de imprensa, não deixam qualquer dúvida de que há uma perigosa radicalização no Brasil, estimulada pelo presidente, que não respeita a solenidade do cargo que ocupa e, como um valentão de rua, adora dizer o que lhe vem à cabeça, sem se importar com as consequências.

Como toda ação corresponde a uma reação, Bolsonaro está aprendendo que quem fala o que quer escuta o que não quer. E seu governo vai perdendo o respeito da população, estimulando os que, de forma insana, defendem o autoritarismo como solução, esquecendo que, recentemente, vivemos longo período de autoritarismo que em nada contribuiu para a nossa evolução como nação. Um freio a essa situação, Papai Noel. Veja se encontra por aí bom senso, honestidade, patriotismo, humildade, inteligência, compromisso social e tudo o mais que precisamos e traga para cá na semana que vem.

Mas precisamos de tudo isso em grande quantidade, pois, afinal, somos mais de 200 milhões de pessoas, distribuídas em 26 Estados, um Distrito Federal e 5.568 municípios. É muita coisa a ser corrigida.

 

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