Já está passando a hora de o povo e a classe política brasileira chegarem à conclusão de que esta polarização entre Lula e Bolsonaro não vai nos levar a lugar algum. Muito antes pelo contrário.

Lula é o presidente eleito, e Bolsonaro o derrotado que, nos últimos dias, se viu metido numa “lambuzada”, flagrado em articulações para dar um golpe e por ter participado em falcatruas menores mas nem por isso admitida em um político que chegou aonde chegou por vender uma imagem de incorruptível.

Lula, um animal político, apesar de ter participado de esquemas que o levaram a ser julgado, condenado e preso pelos escândalos em seus governos, acabou sendo libertado, virou candidato e ganhou a eleição com mais de 60 milhões de votos, fato inédito.

Os dois, que guardam algumas semelhanças, insistem em alimentar uma polarização, com uma perigosa radicalização, para impedir o surgimento de uma via alternativa, que os derrote nas urnas. Insistem em serem a solução para o país, embora os fatos não confirmem isto.

Mas apesar da radicalização política que cega os dois lados, o país tem conseguido avanços. Por incrível que possa parecer, a economia vai bem, conduzida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad – muito atacado até pelos petistas, a começar pela presidente do partido, Gleisi Hoffmann (uma chata), mesmo recebendo elogios do presidente da República.

A relação de Haddad com os presidentes Rodrigo Pacheco, do Senado, e Artur Lira, da Câmara, tem sido fundamental para levar o governo a aprovar emendas necessárias para o desenvolvimento brasileiro. Mas até quando, num ano eleitoral, o entendimento, com respeito às diferenças entre eles, será capaz de assegurar o apoio legislativo ao governo.

É hora de superarmos as picuinhas. Os interesses de dois não podem prevalecer sobre as necessidades de milhões. É hora de um basta nesta polarização.

É preciso ter maturidade política para entender que a divisão política é natural, mas sem radicalismos que geram violência e intransigência. Os sinais, porém, são desanimadores.

Alguns políticos, governadores em especial, têm tentado transformar os palanques municipais deste ano em palanques presidenciais de 2026. Estimulam divergências que, certamente, vão prejudicar o país este ano, atrasando ou mesmo impedindo a aprovação de medidas de modernização da economia e da administração pública, dentro da velha tática política de alimentar o caos para tirar proveito nas urnas. O povo precisa ficar atento.