Mais uma vez as pesquisas eleitorais, e este ano foram muitas, de diferentes institutos, não foram capazes de detectar a vontade popular uma disputa para a Presidência da República. A quase totalidade delas apontavam a vitória do candidato petista, com uma margem bem ampla, o que fazia crer que a eleição estaria decidida já no primeiro turno.
Quando as urnas foram abertas, não foi o que se viu. Durante as poucas horas que duraram as apurações, o que se viu foi a vitória do presidente Bolsonaro em todas as regiões do país, quadro parcialmente revertido por Lula em algumas delas, o que lhe assegurou a maioria dos votos no primeiro turno, mas com um percentual bem abaixo do que as pesquisas indicavam.
Pode-se dize que Lula ganhou nos números, Bolsonaro venceu na política. E venceu com larga vantagem. O bolsonarismo, mesmo que o presidente seja derrotado no segundo turno, é hoje uma realidade da política brasileira.
A imensa maioria dos 27 senadores eleitos é ligada ao presidente, muitos deles estreantes na política, como o seu vice, Hamilton Mourão, que venceu a disputa no Rio Grande do Sul, derrotando Olívio Dutra, um dos monstros sagrados do petismo. Em Minas, vaga no Senado ficará com Cleitinho, um até então pouco conhecido deputado estadual.
O bolsonarismo fez do jovem vereador de Belo Horizonte, Nikolas Ferreira, do PL, um campeão entre os eleitos para a Câmara Federal, com mais de um milhão e meio de votos, que ajudaram o partido do presidente a ser maioria na bancada mineira.
Nas Assembleias, como na de Minas, o bolsonarismo ganhou musculatura e seus membros, muitos deles jovens, vão agora para as ruas ajudar o presidente a buscar a vitória no segundo turno que já começou e tem, independente de pesquisas, Bolsonaro como favorito contra um Lula atordoado e que demonstra pouca, quase nenhuma força de reação contra a maré do conservadorismo que se espalha mundo afora.
Em Minas a vitória de Romeu Zema foi dentro do esperado. O governador fez uma campanha sem buscar vinculações com candidaturas a presidente, mas neste segundo turno dificilmente conseguirá se manter fora da disputa pois, já vem sendo assediado por Bolsonaro desde o início da campanha.
Ainda no domingo, quando em seu comitê e campanha discursava comemorando a vitória, o governador mineiro ouviu gritos de “presidente” de apoiadores e, sem euforias, não descartou a possibilidade de, em 2026, “dependendo do resultado do segundo mandato”, disputar a Presidência. Um sonho que, certamente, irá influenciar muito em sua tomada de decisão agora.