Paulo César de Oliveira

Primeiro turno reflete tensão na eleição

Lula ganhou nos números, Bolsonaro venceu na política

Por Paulo César de Oliveira
Publicado em 04 de outubro de 2022 | 04:00
 
 
 
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Mais uma vez as pesquisas eleitorais, e este ano foram muitas, de diferentes institutos, não foram capazes de detectar a vontade popular uma disputa para a Presidência da República. A quase totalidade delas apontavam a vitória do candidato petista, com uma margem bem ampla, o que fazia crer que a eleição estaria decidida já no primeiro turno.

Quando as urnas foram abertas, não foi o que se viu. Durante as poucas horas que duraram as apurações, o que se viu foi a vitória do presidente Bolsonaro em todas as regiões do país, quadro parcialmente revertido por Lula em algumas delas, o que lhe assegurou a maioria dos votos no primeiro turno, mas com um percentual bem abaixo do que as pesquisas indicavam.

Presidente faz maioria no Senado

Pode-se dize que Lula ganhou nos números, Bolsonaro venceu na política. E venceu com larga vantagem. O bolsonarismo, mesmo que o presidente seja derrotado no segundo turno, é hoje uma realidade da política brasileira.

A imensa maioria dos 27 senadores eleitos é ligada ao presidente, muitos deles estreantes na política, como o seu vice, Hamilton Mourão, que venceu a disputa no Rio Grande do Sul, derrotando Olívio Dutra, um dos monstros sagrados do petismo. Em Minas, vaga no Senado ficará com Cleitinho, um até então pouco conhecido deputado estadual.

O bolsonarismo fez do jovem vereador de Belo Horizonte, Nikolas Ferreira, do PL, um campeão entre os eleitos para a Câmara Federal, com mais de um milhão e meio de votos, que ajudaram o partido do presidente a ser maioria na bancada mineira.

Nas Assembleias, como na de Minas, o bolsonarismo ganhou musculatura e seus membros, muitos deles jovens, vão agora para as ruas ajudar o presidente a buscar a vitória no segundo turno que já começou e tem, independente de pesquisas, Bolsonaro como favorito contra um Lula atordoado e que demonstra pouca, quase nenhuma força de reação contra a maré do conservadorismo que se espalha mundo afora.

Vitória de Zema em Minas

Em Minas a vitória de Romeu Zema foi dentro do esperado. O governador fez uma campanha sem buscar vinculações com candidaturas a presidente, mas neste segundo turno dificilmente conseguirá se manter fora da disputa pois, já vem sendo assediado por Bolsonaro desde o início da campanha.

Ainda no domingo, quando em seu comitê e campanha discursava comemorando a vitória, o governador mineiro ouviu gritos de “presidente” de apoiadores e, sem euforias, não descartou a possibilidade de, em 2026, “dependendo do resultado do segundo mandato”, disputar a Presidência. Um sonho que, certamente, irá influenciar muito em sua tomada de decisão agora.

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