PAULO PAIVA

Agora é pra valer

A reforma da Previdência será o mais importante teste do governo Bolsonaro. Com ou sem pacto, não há mais tempo para delongas


Publicado em 08 de fevereiro de 2019 | 03:00
 
 
 
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Após a implantação do Plano Real, em 1994, três candidatos, Fernando Henrique, Lula e Jair Bolsonaro, venceram as eleições presidenciais com sonhos e propostas próprias. Dilma foi apenas a continuidade piorada de Lula.

Tradicionalmente, as principais mensagens oficiais que dão a linha do governo são anunciadas no Congresso Nacional. O discurso de posse no primeiro dia do ano, diante de um Parlamento que encerra seu mandato, é uma manifestação da transição do candidato eleito para o presidente então empossado. Meio candidato, meio presidente. A mensagem do presidente, lida na abertura da legislatura no primeiro dia de fevereiro, é o compromisso do seu governo por meio das iniciativas submetidas ao novo Congresso, que o acompanhará na primeira metade de seu mandato.

O discurso de posse de FHC focou os desafios no combate à inflação pelo seu antecessor, Itamar Franco, e a conquista da democracia. Indicou que, com a continuidade do combate à inflação e as reformas estruturais, seu governo iria buscar o desenvolvimento com justiça social.

Ao contrário, Lula iniciou afirmando na sua posse: “Mudança: esta é a palavra-chave, esta foi a grande mensagem da sociedade brasileira nas eleições de outubro”. Propôs um pacto social para viabilizar as reformas que, segundo ele, a sociedade reclamava: Previdência, tributária, política e da legislação trabalhista, além da reforma agrária, o carro-chefe de sua proposta de mudança.

Bolsonaro também seguiu falando de mudanças, mas com ênfase nos valores que defendeu em sua campanha, como família, religião e o combate a ideologias. Propôs um pacto nacional entre sociedade e os Poderes da República na busca de novos caminhos. O tom da campanha prevaleceu no seu discurso.

Nas mensagens ao Congresso Nacional, ficaram explícitas suas intenções de reformas. FHC tratou da eliminação de monopólios e da abertura para capital estrangeiro no setor de telecomunicações, da reforma tributária e da Previdência Social. Na área fiscal Lula propôs construir com a sociedade e o Congresso Nacional a reforma tributária e a reforma da Previdência. Por fim, em sua mensagem, também Bolsonaro propôs ao Congresso Nacional reforma tributária para criar melhores condições de negócios e anunciou sua nova Previdência Social, a primeira reforma que enviará ao parlamento.

Vê-se que os mesmos fantasmas, como as reformas tributária e da Previdência, perseguem os presidentes nesse um quarto de século. Nenhuma vingou, embora no caso da Previdência algumas mudanças parciais tenham sido feitas nos governos anteriores. São reformas complexas que atingem privilégios.

O jogo da mudança se dá no Congresso Nacional. As Mesas Diretoras da Câmara e do Senado já foram eleitas. A reforma da Previdência será o mais importante teste do governo Bolsonaro. Com ou sem pacto, não há mais tempo para delongas. Agora é hora de agir.

Como canta Wesley Safadão, “agora é pra valer”.

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