PAULO PAIVA

Não são simples os desafios do novo tempo para o crescimento

Os pilares para gerar empregos e reduzir a desigualdade


Publicado em 12 de dezembro de 2018 | 03:00
 
 
 
normal

Para muitos, um novo governo com um ministro forte e ultraliberal no comando da economia seria suficiente para que a confiança voltasse e os investidores iniciassem novos empreendimentos, retomando o crescimento rapidamente. Mas retomar o crescimento da economia não é simples como pode parecer à primeira vista. Nem o mercado acredita nesse conto de fadas, pois anda desconfiado com o rumo da economia.

Mesmo depois da vitória de Bolsonaro, da escolha de Paulo Guedes para superministro de uma nova pasta da Economia, turbinada com o controle de quase todas as principais funções de governo que afetam diretamente o sistema econômico, e da divulgação do que se pretende fazer, o mercado continua resistente em admitir crescimento mais acelerado em 2019 e 2020. Segundo o Relatório Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, o mercado mantém inalterada, desde junho passado, em 2,5%, sua previsão de crescimento do PIB para 2019 e 2020.

Na comparação internacional, o Brasil não tem boa posição relativa neste século. Seu crescimento é volátil, com média inferior à da maioria das economias emergentes. Segundo relatório do McKinsey Global Institute, divulgado recentemente, entre 71 economias emergentes, de 1996 a 2016, o aumento médio da renda per capita real foi 5,5% ao ano na Ásia Central, 4,4% no Leste e Sudeste Asiático, 3,7% no Sul da Ásia, 3,1% no centro e leste da Europa, 2,5% na África Subsaariana, 1,9% na América Latina e, pasmem, apenas 1,6% no Brasil.

Para entrar em um novo ciclo de expansão, o Brasil precisa romper as barreiras que emperram seu crescimento, com base em diagnóstico correto que leve a uma agenda coerente de reformas, programas, políticas e ações.

O governo Temer, além de deixar como legado bons resultados no balanço de pagamentos e na política monetária, entregou à equipe que comandará o Brasil um relatório com diagnóstico, acompanhado de listas de medidas já tomadas, em andamento e a serem encaminhadas para que a economia entre em outro ciclo de expansão.

Nesse relatório, são indicados quatro pilares necessários para que o país retome taxas relevantes de crescimento e de geração de empregos e reduza, significativamente, a pobreza e a desigualdade.

Um dos pilares é a estabilidade institucional, garantindo a previsibilidade da política econômica de modo a estimular o investimento privado; outro é o equilíbrio fiscal, reduzindo a necessidade de absorção de poupança privada para financiar a dívida pública; um terceiro é o aumento da produtividade, essência do crescimento econômico, combinando trabalhadores mais bem-treinados, menos burocracia e mais eficiência do Estado, melhor qualidade da oferta de infraestrutura física e maior competitividade na economia; finalmente, a promoção da igualdade de oportunidades e da redução da pobreza, valendo-se dos instrumentos do Estado para garantir, principalmente, acesso à educação e à saúde. O relatório salienta que essa agenda distributiva é um fundamento constitucional e propicia a paz e a coesão social.

No entanto, o êxito da execução de um excelente plano de reformas, programas, políticas, iniciativas e ações dependerá da liderança de um presidente íntegro, coerente e comprometido com seus resultados, que comunique, com transparência, à sociedade os caminhos que o país vai trilhar e que tenha uma estratégia competente para recuperar a governabilidade, estabelecer boa governança e consolidar uma gestão racional. Enfim, um líder que tenha a estatura que o novo tempo requer.

 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!