Sempre adorei estudar e sempre fui uma aluna excepcional, exceto em matemática... Meu pai, então, separava um tempo para me ensinar. Aprendi fração com engradados de cerveja e pedaços de pizza, ele sabia da minha dificuldade, mas não me deixava desistir.

No primeiro ano do ensino médio, um professor de matemática me chamou de burra, e eu fiquei arrasada. Meu pai foi até a reunião de pais e mestres (era assim que se chamava) e, contam os pais de outros colegas, que quando o professor foi falar sobre mim, meu pai disse com muito respeito:

“Não estou aqui para saber sobre minha filha, a vejo todos os dias e sei que ela tem dificuldades na sua área, apesar de ser a melhor aluna da sala em quase todas as outras disciplinas. Eu estou aqui para saber sobre o que faz o senhor pensar que ela melhorará chamando-a de burra.”

Autoestima e autoconfiança

O Dia dos Pais está chegando, e, ao refletir sobre a importância do meu pai na minha vida, percebo como sua presença influenciou minha comunicação e autoestima. A relação entre pais e filhos é crucial para o desenvolvimento emocional e social. 

Antigamente, se o pai falasse, o filho tinha de se calar, e isso gerou pessoas agressivas que se tornaram arrogantes ou inseguras. Ainda bem que as coisas mudam!

Um pai presente ajuda a manter a autoestima do filho alta. Isso aumenta a autoconfiança das crianças, inclusive para que elas tenham coragem de se expor e de falar em público. Todo mundo precisa de feedback positivo, se não encontramos entre os nossos parentes, vamos acabar buscando fora de casa. E esse percurso é bem mais complexo, especialmente quando falamos de regulação emocional.

Comunicação franca

Ter uma comunicação direta e regular com nossos pais nos faz desenvolver habilidades sociais, já que nos ajuda a criar empatia, resolver conflitos e nos capacita para expressar nossos sentimentos de maneira saudável. Quando não temos essa relação, procuramos aprovação externa.

Se você é pai e quer ser presente, comece hoje mesmo a praticar uma escuta ativa. Mostre interesse genuíno no que o seu filho tem a dizer. Manter um diálogo regular sobre o dia a dia e interesses do seu filho ajuda a fortalecer o vínculo que você tem com ele. Se você não mora com ele, a tecnologia está aí para te ajudar.

Se seu filho é adolescente, haverá barreiras na comunicação, como diferenças geracionais ou culturais. Na adolescência tudo se torna difícil, mas marcar um dia para o jantar em família ou almoço pode ajudar a manter um contato com seu filho até que essa fase passe.

Escolhas

E, se você não tem a referência masculina presente na sua vida, entenda que essa dor interna precisa também ser racionalizada para que você não pense que é inferior ou incapaz. As escolhas dos outros não nos pertencem, e o pai que não é presente perde a oportunidade de ver um ser humano se desenvolver. 

Se a gente entende que o outro perdeu mais do que nós, elevamos nossa autoestima e isso melhora todos os aspectos da nossa vida, inclusive a nossa comunicação.