“Paraíso dos barbeiros” era o “apelido” por que era conhecida a região compreendida entre o bairro Santo Agostinho, sobretudo nas imediações da Assembléia Legislativa, e o começo de Lourdes. Aquele local, nos anos 70 e 80 (e ainda hoje, mas com muito menos frequência), foram eleitos pelos instrutores das autoescolas para ministrarem os ensinamentos básicos de direção aos pretendentes à carteira nacional de habilitação.
Seguro
Mas não é sobre este prisma o comentário da semana que aborda as barbeiragens de uma forma geral, e sim em relação às discrepâncias de valores cobrados pelas seguradoras na capital mineira. O tema é polêmico e controverso e diz respeito ao seguro do automóvel e suas implicações.
Colisões
A principal causa que justifica o elevado preço para segurar um automóvel em Belo Horizonte, não está ligada aos roubos e sim ao alto índice de colisões dos automóveis que circulam na capital mineira.
BH x Rio x SP
Comparados aos cariocas e paulistas os motoristas de BH são muito mais imprudentes, para não dizer, no popular, “barbeiros”. Isto faz com que, na hora do cálculo que determinará o valor a ser cobrado pelo seguro, o acentuado número de perdas totais e parciais decorridas dos acidentes tenha 72% de participação na composição do preço.
Falta de atenção
Restando os outros 28% como índice percentual referentes aos números de furtos e roubos registrados pelos órgãos competentes. Trocando em miúdos. É a desatenção e a imperícia que faz com que o belo-horizontino pague um preço mais salgado dos que os motoristas que circulam nas ruas do Rio de Janeiro ou São Paulo.
Explicação
Em ambas as cidades citadas é de 60 para 40 a equação da fórmula roubo x acidentes. Mas nem tudo está perdido. Segundo um estudo encomendado por bancos ligados às seguradoras, diferente do que é verificado em outras cidades, o mineiro prefere pagar um custo mais alto pelo seguro e contar com uma franquia reduzida.
Referência
O resultado é que mesmo em um acidente de pequena monta, a seguradora é acionada para o reparo, o que faz, na ponta da linha, registrar o crescimento nas estatísticas de colisões, justificando, matematicamente, a “fama” de “barbeiro”. Outro dado interessante diz respeito às variações de valores para clientes de perfis similares e proprietários de automóveis de mesmo modelo. Além de usarem como referência o percentual de roubo verificado entre uma cidade e outra para composição final do preço a ser pago, outro índice é também utilizado: o código de endereçamento postal,
CEP
Por exemplo. Um carro igual a outro, do mesmo ano e modelo, com os segurados de características similares, pode custar mais caro dependo de onde o veículo passa a noite. Ou seja: de bairro para bairro, de acordo com a apuração do risco de assaltos, os preços são diferenciados.
Rota de fuga
Quanto aos bairros de Belo Horizonte, onde é registrado o maior volume de ocorrência de furtos e roubos de veículos, o estudo apurou que apesar de não haver estatística exata, o campeão é o Padre Eustáquio, seguido do Caiçara, Carlos Prates e Coração Eucarístico. A explicação se reside no fato de que, por serem todos próximos de saídas como o Anel Rodoviário, Avenida Pedro II e Via Expressa, proporcionam facilidade na hora da fuga. Faz sentido!