O Banco Central divulgou ontem (16.9) seu Boletim Focus com as projeções sobre a economia brasileira. Para o Produto Interno Bruto (PIB), a mediana de 2024 subiu de 2,68% para 2,96%, somando uma sequência de cinco semanas de alta. O mesmo movimento foi feito pelo Ministério da Fazenda, na última sexta-feira (13), quando sua Secretaria de Política Econômica projetou uma estimativa de 3,2% para o PIB, que antes era previsto em 2,5% pelo órgão. 

Ainda no início do governo Lula, em uma reunião com analistas de mercado, fiz a previsão que na soma dos quatro anos deste mandato a economia brasileira cresceria acima de 10%. Minha opinião foi contestada pelos presentes, que na época apostavam em crescimento econômico pífio. Ao encontrar alguns deles recentemente, comentei que talvez eu tenha sido ainda tímido no meu otimismo. No ritmo em que vamos, o Brasil pode superar os 12% na atual gestão do governo federal. 

Nos dois primeiros governos Lula, o Brasil acumulou uma expansão média de 4% ao ano. Quando se divide o período por dois mandatos, a média foi de 3,5%, no primeiro (2003-2006), e de 4,5%, no segundo (2007-2010). Apesar de todas as adversidades do nosso tempo, o resultado no acumulado do mandato atual deve repetir o sucesso econômico daquele período. 

Escrever sobre economia não é analisar a frieza de números estatísticos, mas considerar o que representam na vida das pessoas. No último período, eles trouxeram boas notícias para os brasileiros e é importante sempre registrar para contrapor às especulações dos que ganham com o pessimismo disseminado pelo mercado. 

Nos primeiros dias de setembro, as boas novas dão prosseguimento aos avanços registrados em agosto, quando foram divulgados, por exemplo, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) pelo Ministério do Trabalho (MT). Eles revelaram que 188 mil novas vagas de emprego com carteira assinada foram abertas em julho. O número é 32,3% superior ao registrado no mesmo mês do ano passado, quando foram criados 142,1 mil postos formais. No mesmo mês, também foi anunciado que a taxa de desemprego caiu para 6,8% entre maio e julho, o menor da série histórica do IBGE.

Importante registrar que a aceleração no crescimento do país acontece em consonância com o controle da inflação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto, divulgado na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentou uma queda de -0,02%. Com isso, a inflação acumulada em 12 meses agora é de 4,24%, dentro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). 

Os números mostram que o ciclo inflacionário segue em desaceleração, o que enfraquece o discurso do setor financeiro, que tem grande força dentro do Banco Central, em favor de aumento na taxa de juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá no meio da semana e a expectativa do mercado é por nova alta na Selic.

Em um ambiente de preços estável, já passou da hora de uma política monetária menos agressiva, que favoreça a economia e o desenvolvimento do país. Os setores produtivos clamam por juros mais baixos, que possibilitem mais investimentos na produção. Este segmento, apoiado pelo governo, tem feito sua parte, falta o Banco Central fazer a dele. Com a economia em pleno crescimento, todos ganham.