Pesquisa tenta resgatar história de mulheres negras em BH

Apagamento. Essa palavra resume uma parte daquilo a que a população negra brasileira é exposta ao longo da história. Ao contrário de imigrantes que conseguem dizer exatamente de qual ponto do mundo originam, nós, descendentes de africanos escravizados, temos só uma referência: a África. São cerca de 30 milhões de quilômetros quadrados como referência, com culturas e histórias diferentes.  

Aí você pode estar pensando: “Ah, tudo bem. Somos todos brasileiros e podemos saber nossas histórias pós-escravidão”. E eu te conto: não, nós não sabemos. Também nos foi negada essa possibilidade. Os negros escravizados tinham a identidade totalmente apagada: não eram tratados como pessoas, e sim um subgrupo, portanto sem origem.  

Agora, um projeto, feito com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, busca registros das trajetórias, experiências e lugares de memória da população negra em BH, tendo como referência a perspectiva de mulheres negras. É um início, mas que pode e deve ser comemorado.  

Uma equipe de pesquisadores já está levantando referências bibliográficas sobre a história de Belo Horizonte e as referências negras nesse contexto. Estão previstos também seminários, com o primeiro marcado para o dia 13 de junho. Depois da realização do estudo, vai ser criada uma plataforma colaborativa, para um resgate coletivo da história do povo negro na capital de Minas. Ao final, está previsto um tour em locais significativos da memória e da história da população negra. Na ocasião, será possível experienciar o espaço e escutar narrativas.   

É fato que boa parte da história se foi e o resgate é praticamente impossível. Mas, se há possibilidade de se contar ao menos uma parte dela, eu não sei vocês, mas eu já estou ansiosa para conhecer.