Gostaria de abrir esta coluna explicando a ausência dela nas edições dos últimos dois sábados.
Pela redução de páginas no jornal por causa dos feriados de Natal e Ano-Novo, optamos por não publicá-la, visto que, embora supunha-se que esses dias seriam tranquilos, muita coisa ocorreu, como anúncios de reforços de peso em Cruzeiro, Atlético e América, além da condenação do ex-presidente da CBF José Maria Marin nos Estados Unidos, que foi mandado para um presídio enquanto aguarda a divulgação da pena e provável recurso da defesa.
Recebi muitos e-mails cobrando explicação, que foi dada em respostas às mensagens, e isso, não nego, me deixou feliz. Sinal que sentiram falta. Obrigado a todos que me escreveram!
Dentre tais assuntos, dois me chamaram mais atenção.
O primeiro foi a contração de Fred e Edilson pelo Cruzeiro, que se destacou não pelo atacante ter trocado o Atlético pelo maior rival – coisa normal hoje em dia –, mas pelo fato de a nova diretoria celeste ter alardeado que recebeu o clube muito endividado, com salários atrasados, mas, mesmo assim, pagará quase R$ 500 mil por mês para o apenas bom lateral e pode te que desembolsar cerca de R$ 800 mil a cada trinta dias para Fred se os bônus inclusos no contrato forem alcançados pelo jogador, que tem um passado grandioso no futebol, apesar de ter ficado devendo, e muito, no Atlético. Isso sem contar a multa rescisória de R$ 10 milhões para um atleta que já passou pelo ápice da carreira.
Posso estar errado, mas isso me lembra o filósofo Vampeta quando atuou no Flamengo e afirmou categoricamente: “Eles fingem que pagam e eu finjo que jogo”.
Mas foi um detalhe na apresentação do “novo” atacante celeste que me saltou aos olhos. Ele usava um boné da maior torcida organizada do Cruzeiro, que, pelo que me consta, não patrocina o clube nem o jogador.
Em 2008, o mesmo Fred, a quem sempre tive como um cara de opiniões fortes e sem medo de exprimi-las (para mim uma grande virtude), publicou um manifesto em uma rede social após um protesto de uma organizada do Fluminense contra a então má fase do time.
O texto tinha o título “Manifesto contra as torcidas organizadas”.
“Sábado passado, ao sair do meu trabalho, me deparei com cerca de 20 desocupados rodeando meu carro em cima do passeio, praticamente dentro do clube. Os cinco seguranças do time até tentaram conter a fúria desses bandidos… Mas foi em vão! Minha reação, e única defesa, foi acelerar o carro, mesmo correndo o risco de machucar quem estivesse na frente, tendo em vista que começaram a bater no vidro e na lataria do meu veículo”.
“Esse bando de à toa deveria se reunir para protestar contra a falta de segurança pública, educação, saneamento básico, saúde… Ameaçar não trabalhadores e pessoas de bem como eu, mas, sim, os políticos COMPROVADAMENTE corruptos”.
Esses trechos mostram como é difícil ser coerente no futebol e na vida. Pena que Fred tenha memória tão curta. Não sei quem disse isso, mas “o diabo mora nos detalhes.”
Estarei em férias a partir de segunda-feira. Até a volta!
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