A semana foi turbulenta na política. Eleições na Argentina e no Uruguai, conflito no Chile, vazamento de “factoides” envolvendo Jair Bolsonaro, postagens polêmicas nas redes sociais envolvendo os filhos do presidente, ministros do STF, políticos de direita e de esquerda.

“O tempo passa, o tempo voa e a poupança Bamerindus continua numa boa”. Quem é mais jovem não deve se lembrar desse banco que fazia uma propaganda no início dos anos 90 e ficou imortalizada. Na época, o país passava por uma grave crise econômica e podemos fazer um paralelo com o governo atual.

A crise política parece não ter fim em uma briga de egos e infantilidades, às vezes até agredindo a inteligência das pessoas.

Enquanto isso, na viagem de Bolsonaro, vários acordos bilaterais foram firmados nos países visitados, destacando o fim da exigência de vistos para fomentar o turismo no país e o acordo com o fundo soberano da arábia saudita que vai trazer investimentos de infraestrutura no valor de aproximadamente R$ 40 bilhões. 

A taxa de juros Selic caiu para 5% pontos percentuais, a mais baixa da história; o risco Brasil caiu ao menor patamar desde maio de 2013; o desemprego caiu para 11,8% e vem caindo nos últimos meses; a inflação está abaixo da meta do Banco Central, e há expectativa de, enfim, o Brasil sair dessa crise econômica criada por governos passados irresponsáveis com o dinheiro público e que levaram o país, ou melhor, os eleitores, a essa mudança radical nas eleições passadas.

Bolsonaro precisa assumir as rédeas da família dele, porque do governo ele já perdeu há muito tempo. O Congresso, leia-se centrão, comanda o país e aprova o que quer. Se Bolsonaro não tomar as rédeas da família, pode ver um dos filhos ser cassado por falta de decoro parlamentar, graças a uma entrevista que concedeu essa semana e falou abertamente sobre um possível novo Ato Institucional Número Cinco (AI-5) – o quinto de 17 grandes decretos emitidos pela Ditadura Militar nos anos que se seguiram ao golpe de estado de 1964 no Brasil. 

Os atos institucionais foram a maior forma de legislação durante o regime militar, dado que, em nome do “Comando Supremo da Revolução” (liderança do regime), derrubaram até a Constituição da Nação, e foram aplicadas sem a possibilidade de revisão judicial. O AI-5, o mais duro dos Atos Institucionais, foi emitido pelo presidente Artur da Costa e Silva em 13 de dezembro de 1968. 

Isso resultou na perda de mandatos de parlamentares contrários aos militares, intervenções ordenadas pelo presidente nos municípios e Estados e na suspensão de garantias constitucionais que eventualmente resultaram na institucionalização da tortura, comumente usada como instrumento pelo Estado. Isso nós não queremos de volta e não merecemos.