“Fulano é político?” Tenho certeza que você já ouviu falar isso alguma vez na vida. Não é um político de ofício, é uma pessoa que se relaciona bem no meio e “joga o jogo”. Essa figura está presente em todas as profissões, inclusive no vôlei.
Entre o mérito e um bom contrato, entre o mérito e uma boa oportunidade, entre o mérito e a tão sonhada seleção brasileira existe a politicagem. Há quem chame um seleto grupo no vôlei de senado. É velado, claro, mas acontece muito. Em um mundo ideal, outros interesses nunca iriam sobrepor bons números e bom currículo. Estamos falando de mundo real, onde fazer alianças, participar de grupos e brigar por interesses dos amigos é muito comum.
Se posicionar nem sempre é bem visto por alguns. Por muitos anos na carreira, expus a minha opinião, e, quando ela foi contrária ao que a maioria ou quem comandava pensava, automaticamente, criava-se o estigma “ele é difícil”. Certa vez, li um e-mail do presidente do Paris Volley durante uma negociação que não foi concluída. Ele não me conhecia, nunca teve nem sequer um contato comigo e foi capaz de se referir a mim como um atleta “difícil”.
Fácil deve ser quem pula de galho em galho, cada ano está em um time, cada dia escolhe a pauta mais relevante para apoiar e sempre busca abrigo em sub-grupos para “sobreviver”. Fácil é quem não é questionador e aceita tudo calado. Imagino que as pessoas que conviveram comigo me enxergam como uma pessoa honesta, que sempre vestiu a camisa e brigou pelo time. Isso basta! Mais valioso do que um caminhão cheio de títulos.
Debater, ouvir outras linhas de raciocínio, concordar ou discordar, esse é o caminho. "Apanhei” muito e aprendi. “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”! Não perdi a essência de me posicionar, mas evitei embates que julgava não ter solução. Não admiro quem fica “em cima do muro”, não admiro quem age por conveniência, e a vida me ensinou a conviver com essas pessoas. Sigo a favor dos bons princípios e da boa conduta. Bem-vindo ao mundo normal. Ou seria o novo normal?