A importância da educação, ou de formar jovens com aspirações, princípios e valores que lhes permitam evoluir e fazer parte de uma sociedade justa, cosmopolita, solidária, soberana, que consiga escolher seus representantes entre os mais preparados, honestos e experimentados, se faz a cada dia mais evidente.

Sofremos pelas más escolhas proporcionadas por um sistema de governo que obstinadamente elimina os melhores e promove os intimamente despreparados e incapazes, que formam seitas (ou quadrilhas partidárias em alguns casos) com o dominante desejo de se locupletar, trabalhar pouco e desfrutar dos demais que labutam a vida inteira. 

Quem despertou e levantou o olhar para mais longe vê que os governos não agem em consideração pelo futuro, não agem para diminuir os sofrimentos ou para garantir à sociedade aquilo de que precisa. Agem e tramam egoisticamente, tornam-se autores de projetos de poder pessoal, que usurpam a liberdade, o patrimônio, o próprio futuro da nação e de gerações inteiras. 

Festivais de ignorância e estupidez perpetuam o retrocesso, deseducam, projetam indivíduos sem qualquer ideal sério. Exploram a insuficiente capacidade de discernimento dos eleitores, das massas de incultos que vivem na dependência de instintos pré-humanos. 

As opções que emergem desse cenário conturbado não atendem os anseios mais elevados. O eleitor, de regra, só pode escolher entre sujos e mal-lavados, entre ignorantes e incapazes, entre pessoas que nunca produziram nada e outros que se abrigaram por profissão no cenário político como forma de enriquecer sem méritos. De tanto apanhar, já sepultaram as aspirações mais elevadas, apagaram-se sonhos, atrofiaram-se ideais, o mal predomina sobre o bem. 

Quem anseia por um estadista, um iluminado, um preparado deve se ajoelhar à incapacidade de entendimento obscurecido das massas que sofrem a fome e o abandono. Para certos políticos, se essa categoria fosse transformada em pessoas conscientes, estudadas, evoluídas, seria a morte política das escórias que a dominam. Da parte que vive e se nutre dessa ignorância, dos instintos de sobrevivência, da brutalidade. Quem sustenta o sistema perverso são as suas próprias e inconscientes vítimas. Para alguns partidos, melhorar a educação da população, elevar a qualidade de existência de seus membros, seria uma condenação à morte, pois eles são os frutos desta situação maléfica. 

Estamos a escolher entre medíocres, piores, incapazes, ladrões, escórias. 

O filósofo e escritor francês Jean d’Ormesson, que teve assento na Academia Francesa de Letras até sua morte, em 2017, quando deixou esta terra, aos 92 anos, definiu o nosso tempo como um sistema de governo que levará a humanidade à exaustão. A democracia atual leva para a “ineptocracia”, uma fórmula inarredável e perversa de governo, pois a cada eleição os escolhidos estão mais longe de serem os melhores, os mais idôneos.  

D’Ormesson a define como “um sistema de governo em que os menos capazes de liderar são eleitos pelos menos capazes de produzir; e no qual os membros de uma sociedade, menos capazes de se sustentarem ou de terem sucesso, são recompensados com bens e serviços pagos por meio do confisco da riqueza de um número decrescente de produtores”. 

O filósofo francês temia que o poder de um Estado fosse capturado por ineptos, como na realidade aconteceu em vários países e democracias. 

Não poderá lograr frutos duradouros o sistema no qual a ineptidão subjuga os melhores, os mais produtivos, os responsáveis pela sustentação da sociedade. Será que as figuras sem realizações para mostrar, sem preparo, sem capacidade e sem atributos têm a competência e sabedoria de conduzir um governo? De ser como um Moisés capaz de levar seu povo ao outro lado do mar Vermelho de dificuldades e provações dos nossos tempos? 

A democracia corre sempre o risco de ser comandada pelos menos preparados ou conscientes, e, quando uma nação é composta majoritariamente por incultos e improdutivos, cairá na escolha de ineptos, até porque não sabe distinguir as razões do bem maior.