O transcorrer da eleição municipal de Belo Horizonte foi tenso, sujeito a uma disputa acirrada, no primeiro e no segundo turno. A campanha dos candidatos foi verbalmente agressiva, não apenas entre um e outro, mas entre todos. O resultado concedeu a Fuad Noman uma segunda oportunidade, desta vez como titular, para um mandato de quatro anos.
Na véspera do segundo turno, na noite de sábado (26 de outubro), as chuvas que caíram sobre a cidade deixaram inúmeros estragos, com registros de alagamento de ruas, queda de árvores, tombamento de muros, destruição do asfalto e buracos nas ruas, além da falta de energia elétrica em várias regiões da capital.
O pleito do domingo (27 de outubro) revelou o desgosto do eleitor com a política e seu assombro com as mazelas locais, levando-o a cravar a marca do maior número de abstenções já visto em BH – 636.752 (31,95%). A abstenção também bateu recorde no primeiro turno, com 588.700 (29,54%) ausências.
Os números do segundo turno surpreenderam e servem de alerta. A população não está satisfeita com o comportamento dos políticos, muito menos com as formas de atuação, administração e gestão do município.
O recado foi dado nas urnas. O prefeito reeleito Fuad Noman teve 670.574 votos; o candidato Bruno Engler somou 577.537; nulos foram 61.885; brancos, 46.236; e abstenções, 636.752. Ou seja, quase um terço do eleitorado deixou de votar. A apatia e o desinteresse do eleitor foram fortes sintomas diante da mediocridade atual do debate eleitoral.
Passada a eleição, é hora de trabalhar pela cidade. Ao prefeito eleito cabe arregaçar as mangas e cumprir as promessas de campanha feitas aos belo-horizontinos, que estão ansiosos por uma cidade mais limpa, mais bonita, mais protegida.
E urge que as obras públicas em curso sejam concluídas rapidamente, que os problemas de drenagem de águas pluviais sejam solucionados, que o caos do trânsito seja resolvido e que as políticas públicas para os diversos segmentos sociais sejam implementadas.
Saiba o senhor prefeito que suas promessas estão anotadas e serão cobradas, principalmente as relativas ao transporte, ao trânsito, ao meio ambiente, à saúde, à educação, à segurança pública, ao acolhimento das pessoas em situação de rua, ao emprego, à economia e à cultura.
De forma que não bastam discursos, haja vista que recursos deverão ser buscados junto ao governo federal, para aceleração das obras de infraestrutura e priorização de políticas sociais.
Mas não será com a criação de mais quatro secretarias ao custo de R$ 49,9 milhões por ano, para acomodar aliados, que os cofres públicos possibilitarão a realização das promessas feitas aos eleitores. Não será impactando ainda mais a folha de pagamento, para retribuir o apoio dos partidos que aderiram à sua campanha, que o prefeito corresponderá às expectativas dos cidadãos de Belo Horizonte.
No mais, resta pedir equilíbrio e desejar boa sorte ao alcaide, e que seu governo não decepcione seus eleitores.