Wilson Campos

Wilson Campos

Advogado, especialista com atuação nas áreas de direito tributário, trabalhista, cível e ambiental

WILSON CAMPOS

Desastres naturais requerem gestão e investimentos

Brasil precisa sair da inércia e promover prevenção

Por Wilson Campos
Publicado em 23 de maio de 2024 | 07:00
 
 
 

Segundo a revista “Nature”, um dos mais renomados periódicos científicos do mundo, quase metade da Floresta Amazônica pode entrar em processo de colapso, sem chance de recuperação, até 2050. O motivo para a catástrofe vai muito além do desmatamento: o aumento das temperaturas, secas extremas e incêndios têm causado um estresse sem precedentes à maior floresta tropical do mundo. 

A colaboração para essa matéria partiu de um novo estudo de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina, que revelou que a Amazônia pode atingir um ponto de não retorno até 2050. Na prática, isso significa um limite que, após ultrapassado, torna impossível recuperar o que foi perdido, ou seja, uma mudança definitiva do bioma. 

Cenário devastador

A pesquisa mostra que, nos próximos 25 anos, parcela de 47% da Amazônia estará impactada de tal forma, que os distúrbios sobrepostos causarão mudanças abruptas. A floresta tropical entra num processo de transição para um estado de vegetação absolutamente diferente. 

O estudo mostra ainda que, mesmo que os distúrbios considerados na pesquisa – aquecimento global, volume de chuvas anuais, intensidade da sazonalidade das chuvas, duração da estação seca e desmatamento – afetem 10% da floresta existente, o cenário seria devastador. 

Os cientistas destacam também o fato de 15% da vegetação nativa já estar perdida. A soma levaria a um total de 25% de destruição. A cota estimada estaria ultrapassada e a degradação restaria consumada. Como consequência, a perda florestal causaria liberação de carbono, retroalimentando as mudanças climáticas. Além disso, as perdas da Amazônia influenciam a circulação de chuvas em áreas bem distantes. 

Chuvas no RS

As fortes chuvas, seguidas de enchentes e alagamentos, que atingiram o Rio Grande do Sul, podem surgir com maior frequência. Soluções devem ser buscadas, antes que novas calamidades aconteçam. Porto Alegre, a capital gaúcha, sofre junto com o resto do estado na maior inundação em oito décadas, apesar de ter sistema de prevenção, mas que não foi suficiente para barrar a força e o volume das águas. 

A cidade tem mais de dois quilômetros e meio de muros na Avenida Mauá para conter as águas do Guaíba, 68 km de diques, 14 comportas e mais de 20 casas de bombas d’água. Os diques e muros ajudaram a retardar a inundação, mas houve falha da maioria das casas de bomba e algumas comportas cederam. O sistema de drenagem funcionou como passagem de água na via contrária. Resultado: vidas perdidas, pessoas desalojadas, cidades destruídas, caos total. 

Prevenção, mitigação e redução

O Brasil precisa sair da inércia e investir em prevenção e precaução contra tragédias desse porte. O exemplo e o ensinamento podem ser buscados na Holanda e no Japão, por exemplo, que já experimentaram eventos distintos com grandes inundações. Em ambos os países, aprendeu-se a controlar, a conviver e a dar espaço para as águas. 

A prevenção, a mitigação e a redução de desastres naturais requerem gestão, investimentos e profissionais de áreas especializadas. 

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