O administrador público municipal tem funções indispensáveis, como trabalhar para a qualidade de vida dos moradores e cuidar da cidade. No entanto, parece que essas funções estão sendo deixadas de lado, porque a nossa cidade está a cada dia mais suja, escura e desumana, tamanho o descaso da prefeitura com as pessoas e o bem público.

Belo Horizonte está excessivamente descuidada. A outrora Cidade Jardim está sem brilho, denotando falta de empenho dos órgãos municipais responsáveis por cuidar das ruas, avenidas, praças, parques, canteiros e áreas verdes. As pichações, a sujeira, a falta de iluminação pública adequada e a desatenção com o patrimônio histórico estão espalhadas pelo centro e pelos bairros, numa declarada demonstração de pouca ou nenhuma civilidade, de pouca ou nenhuma gestão municipal.

No princípio deste ano, os mesmos que disseram estar “derramando de orgulho” do Carnaval de Belo Horizonte não souberam enfrentar a pandemia do novo coronavírus e cometeram erros primários, abusaram dos decretos e obstaram o constitucional direito de ir e vir. As medidas adotadas atropelaram os negócios e geraram falências e mais desemprego. Os problemas da cidade cresceram ainda mais.

Nos últimos seis anos, as populações em situação de rua na capital saltaram de 1.827 para 9.164 pessoas, que vivem em condições de extrema pobreza e moram em barracas de lona debaixo de marquises e viadutos, desamparadas e entregues à própria sorte, seja por problemas familiares, desemprego, alcoolismo, drogas ou perda de moradia. O acolhimento e o amparo do poder público a esses seres humanos se mostram insuficientes, ineficientes e tardios.

A maioria das promessas do atual prefeito não foi cumprida. As obras para contenção de enchentes e inundações que ocorrem todos os anos em período de chuvas não foram executadas. Porém, o alcaide anuncia que as intervenções vão acontecer. Em tom profético, disse ele: “Isso aqui não é metrô”. O prefeito quis se referir ao imbróglio em que se transformou a expansão do metrô na capital, que se arrasta há anos, e ao fato de que a obra da Avenida Vilarinho poderá sair do papel.

As obras são necessárias, em Venda Nova e em outros bairros castigados pelas enchentes. Ano após ano, os moradores e os comerciantes são pegos de surpresa pela rapidez das enchentes e se irresignam ao ver móveis, eletrodomésticos e bens pessoais serem arrastados pelas águas da chuva.

Também vale registrar que, antes de ser eleito, o prefeito afirmou que a mata do Planalto era intocável, mas não tomou nenhuma providência legal para preservar total e definitivamente a área verde.

De sorte que as justas reclamações dos belo-horizontinos giram em torno do bem-estar social, dos interesses da coletividade e dos direitos da cidadania. A solução dos problemas, por sua vez, é política, é de gestão, e bastam menos promessas e mais realizações.