Sem sombra de dúvida, o período mais difícil da trajetória do grupo. “Foi muito complicado, porque a nossa primeira preocupação era com o nosso amigo, nosso irmão. E até a gente ter a convicção de que ele estaria bem, foi difícil tocar a vida”, reconhece Sergio Jr, um dos integrantes do grupo Sorriso Maroto.
Quem acompanha o grupo sabe: no início do ano, o vocalista Bruno Cardoso, 37, teve que se afastar das atividades por seis meses para cuidar de uma miocardite, uma inflamação do miocárdio, camada muscular que cobre o coração. O desenlace também é sabido – e comemorado – pelos fãs: o moço está bem, obrigado, e em agosto reassumiu seu posto. E, agora, volta a se encontrar com o público belo-horizontino: mais precisamente, na próxima sexta-feira (12), em evento no Hangar 677 que contará, ainda, com o grupo Pixote, Jeito Moleque, Felipe Hott, Sem Limite, DJ Diego Ávila, DJ Caddu e participações especiais do Sunga de Pano e do Samba Brother.
O nome da turnê do Sorriso Maroto é emblemático: “Sorriso, Voltei”. Sergio conta que o que “segurou” o grupo durante a ausência de Bruno (para dar sequência à agenda) foi “saber que a gente estava levando a música do Sorriso Maroto, que é a nossa vida, para os fãs que conquistamos”.
Mas não só. “Também saber que ele, de casa, estaria nos assistindo – então, a gente, de fato, não podia fazer feio, senão ele iria reclamar depois”, ri. A notícia do retorno aos palcos foi dada aos colegas pelo próprio Bruno. “Não dá nem para dizer como a recebemos – até porque a previsão da volta era para o final do ano, talvez início de 2019. A gente estava rezando o tempo inteiro por ele, mas não só para a volta ao grupo: para a rotina dele. Porque o Bruno parou tudo para ficar em repouso absoluto, ausente do mundo! E era angustiante saber que um nosso irmão estava com a vida toda parada por conta de uma enfermidade”. Mesmo sabendo que o tratamento segue, o colega diz que o choro e o alívio deram lugar à comemoração. “Estamos festejando todo dia”.
Ao mesmo tempo, tudo o que aconteceu mudou a forma de os integrantes encararem a vida. “Até a forma como a gente sai na rua, por assim dizer. Porque, de uma hora para a outra, o Bruno teve sua liberdade retirada, algo do tipo ‘você não pode mais fazer uma porção de coisas, tem que ficar trancado em casa, de repouso absoluto’. E isso mexe muito! A gente começa a perceber que as coisas que realmente importam, nós temos todos os dias, mas não damos valor. O fato de você poder acordar e ir onde quiser, o livre arbítrio para subir ou descer uma escada, ir à rua e voltar. Isso tudo, a gente não dá valor. Muitas vezes, levamos a vida no automático, quando deveríamos valorizar o ar que a gente respira toda vez que inspiramos e expiramos”.
A relação com o público também mudou. “Com quase 20 anos de estrada, a gente já sabe o que dá certo ou errado, a reação que gera... Não que a gente não desse valor, mas quando você passa por algo assim, triplica esse valor que dá. Ou talvez não dê nem para mensurar. Cada grito, cada aplauso, uma música que dá certo, ganhou um novo sabor. Sem falsa demagogia, cada momento é vivido como o melhor. E o futuro, a Deus pertence”.
Sorriso, Voltei!
Hangar 677 (R. Henriqueto Cardinale, 121, Olhos D’Água). Dia 12 (sexta), às 20h. R$ 80 (preço único, 2º lote)