Com a Páscoa se aproximando, as gigantes do chocolate disputam a atenção de um consumidor pressionado pela alta dos preços e pela incerteza econômica, mas ainda disposto a manter a tradição dos ovos e doces. Desta vez, porém, a rivalidade entre as marcas ultrapassou o mercado e chegou aos tribunais.
A Kopenhagen sofreu mais uma derrota judicial na disputa contra a Cacau Show pelo direito exclusivo de usar a marca "Língua de Gato" em seus chocolates. O Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) decidiu manter a anulação do registro que garantia à Kopenhagen a exclusividade sobre o nome, permitindo que outras empresas também possam utilizá-lo para produtos similares.
A decisão reforça o entendimento de que "Língua de Gato" é uma expressão genérica, amplamente usada para designar chocolates com formato alongado e achatado — e, por isso, não pode ser apropriada por uma única marca. O tribunal ainda ampliou a abrangência da decisão para bebidas com sabor do tradicional chocolate.
Cacau Show X Kopenhagen
A briga judicial começou em 2020, quando a Cacau Show questionou o registro da marca "Língua de Gato", alegando que o termo é descritivo e usado há mais de cem anos em diferentes países. O conflito se intensificou após o lançamento do "Panetone Miau", que trazia na descrição a menção ao formato "língua de gato".
A Kopenhagen argumenta que o uso contínuo da marca no Brasil desde 1940 tornou "Língua de Gato" uma de suas submarcas mais icônicas, associada diretamente à sua identidade e qualidade. A empresa afirma ter registros válidos no INPI e promete recorrer da decisão. Por outro lado, a Cacau Show defende que permitir a exclusividade do nome representaria um monopólio incompatível com a livre concorrência.
Antes da Língua de Gato, já teve briga pelo título de “melhor restaurante do Brasil”
Conflitos no setor de alimentação não são novidade — e o caso da Kopenhagen com a Cacau Show é apenas mais um capítulo de uma longa lista de embates por marcas e títulos no mundo empresarial. Uma das disputas mais recentes envolveu duas gigantes da gastronomia: Coco Bambu e Outback.
Tudo começou em 2024, quando o Outback acionou o Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) contra o Coco Bambu, alegando que o uso do slogan “O melhor restaurante do Brasil” era enganoso e depreciativo para os concorrentes. A briga terminou em janeiro de 2025, quando a 1ª Vara Empresarial e de Conflitos de Arbitragem do TJSP decidiu a favor do Coco Bambu. A juíza Larissa Gaspar Tunala considerou o uso do slogan legítimo e destacou que expressões como “o melhor” têm caráter subjetivo e cabem à interpretação do consumidor.