Por Isadora Silva
O mercado de franquias brasileiro registrou faturamento de R$ 65,9 bilhões no primeiro trimestre de 2025, um aumento de 8,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os dados são da Associação Brasileira de Franchising (ABF) e indicam que o setor manteve trajetória de crescimento apesar do cenário macroeconômico desafiador. A pesquisa, divulgada em julho, aponta que o país somava 198.730 operações ativas de franquias até março, com 7.354 novas unidades inauguradas no período.
Os segmentos que mais contribuíram para o resultado foram Limpeza e Conservação, com alta de 16,3%, seguido por Saúde, Beleza e Bem-Estar (+14,9%) e Hotelaria e Turismo (+14,7%). O setor de Educação também apresentou desempenho positivo, com avanço de 5,1% no trimestre e 7,8% no acumulado de 12 meses.
O crescimento ocorre em um momento de juros elevados no país. A taxa Selic chegou a 15% ao ano em junho, encarecendo o crédito e limitando a atividade econômica. Ao mesmo tempo, a inflação acumulada em 12 meses ultrapassou 5%, pressionada principalmente pelo aumento nos preços dos alimentos. Mesmo nesse contexto, o modelo de franquias segue atraindo empreendedores.
Diferencial
Segundo a ABF, fatores como a padronização dos processos, o suporte oferecido pelas redes e a busca por negócios em setores essenciais ajudam a explicar a resiliência do franchising. A segurança operacional do modelo também é vista como diferencial em períodos de instabilidade econômica.
Quem entende do assunto
O empresário Reginaldo Boeira, fundador da rede KNN Idiomas e presidente do KNN Group, avalia que o desempenho do setor reflete uma combinação de fatores estruturais. Com presença em mais de 550 cidades brasileiras e faturamento superior a R$ 1,2 bilhão em 2024, a rede soma atualmente 670 unidades negociadas.
Para Boeira, a procura por modelos de negócio com menor risco e estrutura consolidada tende a crescer em momentos de incerteza econômica. Ele também observa aumento no interesse por microfranquias e por segmentos ligados à educação, saúde e bem-estar, considerados mais estáveis em ciclos econômicos adversos.
O avanço do franchising em cidades de médio e pequeno porte também tem ganhado destaque. De acordo com o empresário, 44% das unidades da KNN Idiomas estão localizadas em municípios com até 100 mil habitantes. A interiorização, segundo ele, tem sido uma estratégia relevante para ampliar a capilaridade das redes e explorar mercados com menor concorrência e custos operacionais reduzidos.
A tendência é que o franchising continue expandindo de forma consistente ao longo de 2025, impulsionado pela presença crescente em setores ligados a necessidades básicas da população e pela interiorização das redes. A combinação entre padronização operacional, suporte das franqueadoras e maior acesso a mercados regionais tem contribuído para manter o modelo competitivo, mesmo diante de um ambiente econômico desafiador.