Por: Isadora Silva e Rodrigo Campello
Antes lotados de consumidores, alguns shopping centers não resistiram ao teste do tempo. Abandonados, com poucas lojas ativas ou até em ruínas, tratam-se de espaços que poderiam ser utilizados para outros fins. Uma saída é o retrofit, mas também há casos de transformação em hubs logísticos, centros de serviços públicos ou empreendimentos de uso misto. O que vem depois do esvaziamento comercial é uma pergunta cada vez mais presente no setor.
Segundo levantamento da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), o setor ainda demonstra resiliência, mas admite desafios especialmente entre empreendimentos de pequeno porte ou com modelos defasados.
Esses espaços, muitas vezes instalados em áreas urbanas valorizadas, acabam se tornando grandes estruturas ociosas. Parte deles segue operando com ocupação parcial, com lojas fechadas ou serviços essenciais mantendo o funcionamento, como cinemas, academias, clínicas e unidades de órgãos públicos. Há casos, porém, em que o fechamento é definitivo e a estrutura permanece inativa por anos, enquanto investidores e gestores buscam soluções viáveis.
Quais as alternativas?
Entre as alternativas mais exploradas está o retrofit, processo de modernização estrutural e funcional do espaço, mantendo a base do imóvel, mas com novas propostas de uso. Alguns shoppings têm sido transformados em centros comerciais híbridos, combinando lojas, escritórios, residências e áreas de lazer. Esse tipo de readequação depende da atratividade econômica da região e do interesse de novos investidores.
Um dos exemplos é o Shopping da Bahia, em Salvador. Inaugurado em 1975 como o primeiro shopping do Nordeste, o empreendimento enfrentou o desafio de renovar sua estrutura e proposta. A reforma completa teve como objetivo reposicioná-lo no mercado e reconectá-lo com o consumidor local, devolvendo ao centro comercial o status de mais importante da capital baiana.
Outra opção tem sido a conversão dos imóveis em hubs logísticos, aproveitando a localização estratégica para criar centros de distribuição voltados ao e-commerce e à logística urbana. Esse movimento é mais comum em áreas metropolitanas com alta demanda por entregas rápidas. O Grupo GLP, por exemplo, já adquiriu centros comerciais desativados nos EUA para adaptá-los a essa finalidade, tendência que começa a ser observada no Brasil.
Há também iniciativas voltadas para o setor público. Alguns prédios de shoppings desativados foram transformados em centros de serviços municipais, unidades de saúde, delegacias ou escolas técnicas. Essa reutilização exige adaptação da infraestrutura e articulação com entes públicos, mas pode representar uma solução eficiente para o uso de grandes áreas construídas.
O reaproveitamento desses imóveis é uma oportunidade para redefinir a vocação de áreas subutilizadas e atender novas demandas da cidade. Ao mesmo tempo, cada caso exige uma análise individualizada que considere viabilidade econômica, questões legais e o entorno urbano.
A discussão sobre o futuro dos shoppings desativados ganha força num contexto em que o setor precisa se reinventar para continuar relevante. O fracasso comercial de um empreendimento não encerra a utilidade da sua estrutura. Em vez disso, abre espaço para novas configurações urbanas e modelos de negócio.
Meta: O que acontece com os shoppings que fecham? Veja alternativas como retrofit, hubs logísticos e centros de serviços públicos para reaproveitar esses espaços.