A inteligência artificial já não pode ser tratada como diferencial competitivo. No setor de franquias, tornou-se um elemento estruturante. Em um modelo de negócio que exige escalabilidade, padronização e eficiência operacional, o uso de dados e de sistemas inteligentes está reformulando decisões, rotinas e a forma como marcas se relacionam com seus consumidores.

Não se trata de uma previsão de longo prazo, mas de um movimento em curso. “A IA não é mais uma aposta futura. É o diferencial competitivo do presente”, afirma Samir Karam, COO da Performa_IT. Segundo ele, o uso estratégico da inteligência artificial já permite que empresas respondam mais rapidamente às mudanças do mercado, ajustem planos em tempo real e otimizem recursos com precisão.

Entre os principais impactos dessa transformação estão a redução no tempo de resposta, o atendimento mais próximo e personalizado, a assertividade nas campanhas, o enxugamento das equipes e o redesenho da jornada de consumo. A IA multifuncional, como aponta Karam, está no centro dessa revolução.

Planejamento com base em dados contextualizados

No franchising, decisões sobre localização de unidades, perfis de franqueados, estrutura de suporte e estratégias de marketing sempre dependeram de análises detalhadas. Com a IA, essas análises ganham um novo patamar: saem do campo da estimativa e passam a ser fundamentadas por dados vivos, contextualizados e preditivos.

Entre as aplicações práticas observadas nas redes franqueadoras estão a antecipação de flutuações de mercado por região, a personalização de campanhas conforme o perfil do consumidor local, a recomendação de produtos e serviços baseada no comportamento de compra, o ajuste dinâmico da cadeia de suprimentos e a projeção de desempenho de unidades futuras.

“A análise preditiva permite que empresas troquem a intuição por dados concretos. Com IA, as decisões deixam de ser reativas e passam a ser proativas, garantindo maior competitividade”, pontua Karam.

Menos desperdício, mais eficiência

O desafio de crescer com rentabilidade é comum a franquias de todos os portes. Nesse cenário, a IA oferece caminhos para reduzir desperdícios, orientar a alocação eficiente de capital e automatizar ajustes operacionais em tempo real.

“Com IA, conseguimos ajustar operações em tempo real, garantindo custos reduzidos sem comprometer a performance”, diz Karam. Na prática, isso pode representar a diferença entre um ponto de venda saudável e outro deficitário — ou entre manter um franqueado satisfeito ou levá-lo à desistência.

As decisões orientadas por inteligência artificial permitem identificar gargalos operacionais antes que se tornem problemas críticos. Ao automatizar rotinas e mapear comportamentos em tempo real, as redes conseguem adaptar-se continuamente às condições do mercado, mantendo o desempenho e reduzindo perdas.

Atendimento personalizado em escala

A inteligência artificial também vem transformando o relacionamento entre marca e consumidor. Com o auxílio de algoritmos, tornou-se possível analisar o comportamento do cliente em cada ponto de contato — loja física, e-commerce, redes sociais — e ajustar a comunicação e as ofertas com base em suas preferências e histórico de navegação.

Na prática, isso significa personalização em escala. A Performa IT implementou, por exemplo, um motor de recomendação em uma grande rede de varejo agropecuário. “Sugerimos produtos complementares e adaptamos a linguagem da venda conforme o perfil do consumidor”, relata Karam. O resultado foi uma melhoria na eficiência comercial e no engajamento dos clientes.

No franchising, esse tipo de solução impacta diretamente a lógica de padronização. “Grande parte do sucesso de uma franquia está na padronização inteligente — e não na padronização cega”, diz ele. A IA permite manter padrões onde eles são produtivos e adaptar processos onde a personalização se mostra mais eficaz. O resultado é uma operação mais humanizada, conectada ao perfil do consumidor e capaz de escalar sem perder relevância.

A resistência que custa caro

Apesar do avanço tecnológico, a transformação digital ainda enfrenta barreiras culturais dentro das redes franqueadoras. Segundo Karam, muitas empresas querem os benefícios da IA, mas evitam as mudanças profundas que ela exige. “Não investir em IA hoje significa estar despreparado para o futuro”, alerta.

Modelos engessados, baixa capacidade de adaptação e decisões lentas formam um tripé de risco num mercado que exige agilidade e inovação. No franchising, a resistência à adoção de tecnologias pode comprometer a competitividade da rede e afetar diretamente o desempenho dos franqueados.

Metodologia prática e orientada ao negócio

A implementação de IA não deve ser genérica. Para a Performa_IT, o processo parte de uma pergunta central: “Você sabe qual decisão de negócio quer melhorar com IA?”. A partir dessa provocação, a empresa aplica uma metodologia dividida em quatro pilares: visão, ideação, análise de riscos e consolidação.

“Nossa metodologia combina design centrado no cliente e princípios ágeis”, explica Karam. A proposta é construir soluções customizadas para cada rede franqueadora, com foco em entregas tangíveis e alinhamento com os objetivos estratégicos do negócio.

No setor de franquias, essa abordagem tem se mostrado eficaz para redes que buscam escalar com inteligência e responder rapidamente às mudanças do mercado.