Após as eleições do primeiro turno realizadas em 6 de outubro, o deputado estadual e candidato do PL à Prefeitura de Belo Horizonte, Bruno Engler, concedeu uma entrevista ao programa Café com Política, da FM O TEMPO 91,7 no dia 8 de outubro. Durante a conversa, ele expressou seu empenho em conquistar os votos dos eleitores de Gabriel Azevedo (MDB) e de Mauro Tramonte (Republicanos), que foram derrotados no primeiro turno. Engler acredita que a insatisfação com a atual gestão de Fuad Noman (PSD) pode ser uma oportunidade para sua candidatura. Ele destacou a importância de unir forças para vencer a disputa no próximo dia 27 de outubro. Relembre trechos da entrevista com o candidato.

Quase um em cada três eleitores teve opção de voto no senhor. Estava dentro do radar?

Estava. A gente tinha um tracking interno, que mostrava realmente que a gente iria para o segundo turno e iria em primeiro lugar. Isso também batia muito com o sentimento que a gente teve ao longo de toda a campanha. A campanha cresceu muito na reta final, muitas pessoas abraçando a nossa plataforma, muitas pessoas esperançosas com a mudança que a gente vai trazer para Belo Horizonte. Então a gente já imaginava estar em primeiro lugar e ir para o segundo turno. E, pelos nossos números também, já imaginava que seria contra o atual prefeito.

Quase 100 mil votos de diferença entre o senhor e o candidato Fuad Noman. A gente já pode falar em um cenário de expectativa para o resultado final?

A expectativa é a melhor possível. A gente sabe que não tem nada ganho, que o segundo turno é outra eleição. A gente precisa reconquistar aqueles que já votaram na gente e trazer aqueles que, por um motivo ou por outro, não caminharam conosco, seja porque escolheram outro candidato, seja porque não foram votar ou preferiram anular o voto. É mostrar a nossa plataforma. Não tenho dúvidas de que o meu projeto e da Coronel Cláudia é o melhor para Belo Horizonte. E eu acredito que o cidadão vai entender que a nossa cidade pode ter uma gestão muito melhor e vai estar caminhando conosco no dia 27. 

 

Confira a entrevista completa na íntegra:


Eu fiz aqui uma conta básica, candidato, de 326 mil votos, somando aqueles dois candidatos que estão imediatamente depois do senhor e do prefeito Fuad Noman. Ideologicamente, você vê possibilidade de os votantes de Gabriel Azevedo e Mauro Tramonte se aliarem à plataforma do senhor? E por quê?


Eu acho que se alinhariam, porque são pessoas que estão insatisfeitas com a atual gestão. A gente acompanhou nos debates todas as críticas que foram feitas ao prefeito, e críticas pertinentes. O Mauro focou muito a questão do atendimento em saúde, que hoje em Belo Horizonte é vergonhoso e é responsabilidade do prefeito. O Gabriel, então, nem se fala… Entrou firme na questão da máfia dos ônibus – e é verdade, a gente tem um prefeito que está no bolso das empresas de ônibus. Então, a gente enxerga que boa parte, senão a maior parte dos eleitores desses dois candidatos, são pessoas que estão profundamente insatisfeitas com o atual prefeito, e vamos dialogar com elas, mostrar que temos uma alternativa e podemos construir uma gestão muito melhor. 


Há uma expectativa de que agentes políticos, como o ex-presidente Jair Bolsonaro e os candidatos Mauro Tramonte e Gabriel Azevedo, além daquelas pessoas que comandam o partido de ambos, também se unam ao senhor? 

Bom, primeiro vamos falar de quem já caminhou comigo no primeiro turno. O (ex-)presidente Bolsonaro estará conosco no segundo turno. Logo no dia da eleição, ele me ligou me parabenizando pelo resultado. Eu agradeci todo o apoio que ele deu e ressaltei a importância de ele estar aqui conosco no segundo turno, e já está certo que ele vem. A gente só precisa acertar a data. O Nikolas (Ferreira, deputado federal pelo PL) e o Cleitinho (senador do Republicanos) vão ter uma participação muito ativa no segundo turno. O Cleitinho rodou Minas Gerais inteira com seus apoios e agora tem uma disponibilidade de agenda maior. O Nikolas, da mesma maneira. Com relação ao Gabriel e ao Mauro, acho que tudo isso é conversado. Liguei para os dois, parabenizei pelo resultado expressivo e estou disposto a conversar, construir, mas não é nada certo. Qualquer um deles que queira se somar ao nosso projeto é muito bem-vindo. 

 

O que exatamente é essa construção, candidato? É colocar propostas que estiveram nos planos de governo de Mauro Tramonte e de Gabriel Azevedo dentro do seu plano de governo? 

É perfeitamente cabível. Eu acho que é natural e é democrático, quando você vai para o segundo turno, absorver boas propostas daqueles que não passaram para o segundo turno. A gente está disposto a dialogar, a construir. O projeto do Gabriel tem boas ideias para Belo Horizonte naquele plano dele de Teto, Trabalho e Transporte. O Mauro também apresentou ideias interessantes, e o que for bom para Belo Horizonte a gente não tem problema nenhum em colocar na nossa plataforma. O importante é a gente deixar claro para os eleitores, tanto do Mauro como do Gabriel, que esse sentimento de mudança que os motivou a votar nesses dois candidatos, somos nós que vamos representar nesse segundo turno. O Fuad é a continuidade da má gestão que a gente observa hoje.

Na segunda-feira (7 de outubro) recebemos três prefeitos eleitos em cidades importantes da região metropolitana: João Marcelo, reeleito em Nova Lima; Marília Campos, reeleita em Contagem; e Heron Guimarães, eleito em Betim. Eles sugeriram a criação de um “G10” com as cidades mais próximas da capital para trabalharem juntos. Embora haja diferenças partidárias e ideológicas, caso seja eleito, pode construir junto a esses prefeitos? 

Olha, primeiramente (quero) parabenizar os prefeitos que foram eleitos e dizer que gosto muito da ideia do “G10” e que Belo Horizonte precisa ser parte deste processo de liderança, deste processo que hoje não é (visto). A gente tem um prefeito que não tem protagonismo político, que não chama para si a responsabilidade, que não lidera a região metropolitana, não conversa com o governo de Minas para buscar soluções. E eu não tenho problema algum em dialogar com os prefeitos da região metropolitana, muito pelo contrário. Dos três que você citou, não tenho dificuldade nenhuma, nem com Heron, nem com João Marcelo. E a Marília, a gente tem divergências ideológicas, mas a gente sempre teve um diálogo muito tranquilo. Marília foi minha colega na Assembleia Legislativa. Nós divergimos em muitas posições, mas isso não nos impede de dialogar, de construir. Então não tem nenhuma dificuldade de construir soluções junto aos outros prefeitos da região metropolitana. 

 

O que é que Bruno Engler pode dizer para o eleitor que pode ter votado no presidente Lula, mas que tem discussões municipais? O senhor quer esse eleitor? 

Eu quero o voto de todos aqueles que querem mudar a história da nossa cidade, que querem um horizonte melhor. E eu acho que o diálogo com essas pessoas é dizer que a gente não precisa ficar 57 minutos agarrado no trânsito às 18h, que Belo Horizonte é a segunda capital com pior trânsito do país, que a gente pode e deve modernizar a nossa gestão de trânsito através de inteligência artificial. Dizer para esse cidadão que ele não precisa ter um prefeito que é refém das empresas de ônibus, que ele pode ter um prefeito que vai cobrar e exigir um serviço de qualidade; e dizer para esse cidadão que ele pode ter um prefeito que vai zerar a fila de educação infantil, que vai aumentar as vagas no ensino integral, que vai resolver o problema da segurança pública, ampliando o efetivo da Guarda (Municipal), que hoje é de menos de 2.400 guardas, para 4.000. Nós vamos abordar os problemas de Belo Horizonte. A gente tem um prefeito que está aí há dois anos e meio, que fala muito e entrega pouco. Ele é muito de fazer promessas, prometeu o viaduto da Waldomiro Lobo, que era para ser entregue neste ano e ficou lá para 2026. Prometeu que ia ter sete intervenções no Anel Rodoviário. Não entregou. Teve ali uma pequena área de escape. Agora está dizendo que vai fazer um segundo mandato. Ele fala muito, entrega pouco. 


O que um prefeito eleito, que toma posse a partir de janeiro e já vai chegar no mês de chuvas intensas, conforme prevê a Defesa Civil, precisa pensar de imediato para Belo Horizonte?

A gente, chegando em janeiro, vai estar no “olho do furacão”, por assim dizer, que é o período de chuvas. Isso aí a prefeitura precisa, junto ao governo de Minas, junto ao Corpo de Bombeiros, com quem eu tenho um ótimo relacionamento, junto à Defesa Civil, coordenar um plano de salvamento e resgate se tiver qualquer tipo de tragédia. Mas a gente se prepara para chuva no período seco. A gente precisa aumentar ainda mais os investimentos em infraestrutura. Hoje, tem obras que precisam ser completadas, das bacias de contenção, os famosos piscinões. E eu quero até deixar um recado: o pessoal do prefeito, para me atacar, diz que eu não completaria as obras que estão em andamento em Belo Horizonte. Nós vamos concluir todas as obras que forem de interesse público, até porque não existe dinheiro público, é dinheiro do cidadão que foi retido através de impostos para serem feitos investimentos para a população. É preciso concluir as bacias de contenção, e é preciso também fazer outros investimentos. A gente tem conversado com engenheiros, especialistas, buscado soluções que funcionam em outros países para resolver o problema de enchente. Então, a gente vai ter que fazer um trabalho de preparo importante quando não estiver chovendo, para ter um efeito menor das chuvas. Mas, caso tenha uma chuva acima da média, tenha problemas, a gente precisa ter uma resposta rápida, coordenada, junto ao governo do Estado, para ajudar quem estiver em perigo.

Voltando às alianças, o senhor está disposto a ter quadros, sejam do Republicanos, sejam do MDB ou dos demais partidos, em eventual composição de governo para ter o apoio no segundo turno? 

Eu tenho um compromisso com o cidadão de ter um secretariado técnico. Eu vou colocar pessoas competentes para bem gerir o serviço que o belo-horizontino precisa e merece. Eu não tenho aversão a indicações políticas, desde que sejam com pessoas capacitadas. Ninguém vai ser secretário porque é indicado de fulano ou beltrano. Agora, se for uma pessoa que tenha competência, que tenha currículo, eu não vejo problema nenhum. Dou o exemplo do próprio governo Jair Bolsonaro, que fez o ministério mais técnico da história do Brasil. A gente tinha na economia o Paulo Guedes, que é um dos economistas mais respeitados do mundo. A gente tinha na infraestrutura o Tarcísio, que fez um trabalho tão bom que o impulsionou a ser governador de São Paulo. Hoje o ministério do Tarcísio foi dividido em dois e a gente tem dois ministros que não dão meio Tarcísio, que são o Renan Filho e o Márcio França. Mas a gente, por exemplo, teve a Tereza Cristina, uma indicação da bancada ruralista no Senado e que fez um trabalho brilhante. Por quê? Porque entende tudo de agro. Então, a gente quer pessoas competentes. Se tiver bons quadros de partidos que caminharem conosco, não tem dificuldade. Precisa ter currículo e competência para estar nas secretarias. 


O que o candidato Bruno Engler quer para a Prefeitura de Belo Horizonte, para os belo-horizontinos, a partir de 2025?

Uma prefeitura sem politicagem, sem corrupção, que seja eficiente, entregue um serviço público de qualidade e pare de atrapalhar aqueles que geram emprego, renda e oportunidade.

 

A entrevista foi concedida aos jornalistas Guilherme Ibraim e Thalita Marinho