O prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), se reúne nesta quarta-feira (6 de novembro) com os vereadores eleitos e reeleitos para a próxima legislatura com um posicionamento já definido sobre a sucessão na Câmara Municipal. Segundo interlocutores, Fuad não colocará obstáculos à eleição do vereador Juliano Lopes (Podemos) para o comando da Casa. No entanto, o prefeito deve atuar contra a possível presença na Mesa Diretora parlamentares ligados ao grupo político de seu adversário nestas eleições, o deputado estadual Bruno Engler (PL). Todos os 41 nomes da próxima legislatura foram convidados.

Um dos temores do prefeito é que, caso algum dos seis vereadores do PL ocupem cargos da Mesa Diretora, eles possam atrapalhar o andamento de projetos do Poder Executivo na Casa. O vice-presidente, por exemplo, é o substituto imediato do presidente.

O entendimento do entorno de Fuad em relação à sucessão na Câmara é o mesmo da bancada do PT que estará na Câmara a partir de janeiro. Os parlamentares do partido concordam com a candidatura do vereador do Podemos, mas não aceitam a presença de integrantes do grupo de Engler na Mesa. “O PT não tem problemas em relação ao Juliano Lopes, mas não vai aceitar que outros cargos do comando da Casa sejam ocupados por bolsonaristas”, aponta Pedro Rousseff (PT), o vereador mais votado da legenda.

Primeiro contato

O entorno de Fuad, e alguns dos candidatos que venceram a eleição para vereador, afirmam que o encontro desta quarta, um café da manhã na prefeitura, não será para discutir a sucessão na Câmara, mas para um primeiro contato entre o prefeito e os integrantes do Poder Legislativo com os quais terá que se relacionar em seu segundo mandato.

Um outro encontro, porém, realizado na semana passada, transformou a sucessão na Câmara no tema do momento. Na ocasião, um grupo de 23 parlamentares eleitos e reeleitos se reuniu e lançou o nome de Juliano Lopes à Presidência. O movimento foi articulado pelo secretário de Estado da Casa Civil, Marcelo Aro (PP), líder do grupo na Câmara conhecido como Família Aro, que contará a partir de 2025 com oito vereadores.

O encontro arquitetado por Aro incomodou o prefeito. Recém vitorioso, Fuad queria esperar mais tempo para iniciar as discussões sobre a sucessão na Câmara, cuja eleição acontecerá no dia 1° de janeiro.

Boicote

Apadrinhado por Bruno Engler, o vereador recém-eleito Vile (PL), já adiantou à reportagem que não irá comparecer ao encontro organizado por Fuad. Na semana passado, ele esteve na reunião promovida por Aro.

Procurado, o deputado federal e presidente municipal do PL, Nikolas Ferreira, criticou um eventual boicote do prefeito ao partido na eleição da Mesa Diretora. Segundo ele, seria “um erro tremendo” de Fuad “abrir uma guerra contra a maior bancada da Câmara”. “Não temos ciência dessa movimentação. Se ele está utilizando a máquina pública para oferecer favores e cargos em troca, lamentamos pois não é a forma que enxergamos a política. O prefeito quer abrir uma guerra contra a maior bancada da Câmara? Será um erro tremendo”, afirmou o deputado.

A prefeitura de Belo Horizonte (PBH) foi questionada pela reportagem sobre o objetivo da reunião do prefeito com os 41 vereadores eleitos, mas não houve resposta até o fechamento desta edição.

Regras e funções
 
A Mesa-Diretora da Câmara de Vereadores de Belo Horizonte tem, além do cargo de presidente da Casa, duas vice-presidências, secretaria-geral, primeira e segunda secretarias. A eleição acontece com chapa fechada, ou seja, com a indicação de nomes para cada um dos cargos, ou incompleta, com candidatos para apenas parte dos postos. Se a chapa completa tiver mais votos, a eleição é encerrada. Caso ganhe a chapa incompleta, é realizada nova disputa para os cargos que faltarem.
 
O presidente da Câmara é o representante oficial da instituição e responsável direto pela administração da Secretaria da Casa e autorização de despesas. O 1º e o 2º vice-presidentes, sucessivamente, substituem o presidente na sua ausência ou impedimento. Já o secretário-geral é responsável pelo controle dos registros de presença dos vereadores em cada reunião, devendo fornecer a lista à Secretaria da Câmara, para efeito de pagamento mensal da respectiva remuneração. Na sua ausência, ocupantes da primeira e segunda secretarias, sucessivamente, o substituem.

Candidato confirma presença em café da manhã com Fuad

Lançado na semana passada como candidato à Presidência da Câmara pela Família Aro, o vereador Juliano Lopes (Podemos) confirmou presença no café da manhã desta quarta na prefeitura. O parlamentar, no entanto, não respondeu aos questionamentos sobre as articulações de seu grupo para a escolha de quem vai comandar a Casa a partir de janeiro. Atualmente, o vereador é o 1º vice-presidente da Câmara.

Fuad tem dito que não quer um Legislativo hostil em seu próximo mandato. No atual, enfrentou problemas de relacionamento com o atual presidente, Gabriel Azevedo (MDB), na tramitação de projetos. 

Apoio

O vereador reeleito Braulio Lara (Novo) confirmou seu apoio a Juliano Lopes (Podemos) para a presidência da Câmara Municipal de Belo Horizonte na próxima legislatura. Em entrevista ao Café com Política da FM O TEMPO 91,7, ontem, o parlamentar disse que essa é a posição da bancada do Novo.

O apoio já havia sido anunciado em um vídeo publicado na semana passada, no qual dois dos três vereadores eleitos pelo Novo, junto com outros 21 parlamentares, endossaram a candidatura de Juliano Lopes à presidência da Câmara. Questionado ontem, Braulio Lara, um dos presentes no vídeo, reafirmou o compromisso da bancada, que inclui Fernanda Altoé e Marcela Trópia.

“Nós não somos aqueles vereadores que ficam mudando de lado a qualquer coisa. A gente fez um compromisso. Trata-se de um alinhamento que envolve o governo do Estado”, disse o vereador (LA e Sauma Freua)