Em um gesto de aproximação, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) presenteou o vice-governador e pré-candidato ao governo de Minas Gerais em 2026, Mateus Simões (Novo), nesta quinta-feira (26 de junho), em Belo Horizonte, com a medalha conhecida como “3 Is”. Símbolo da bênção de Bolsonaro a aliados, a medalha significa “imorrível, imbrochável e incomível”.
Bolsonaro entregou a medalha a Simões em um encontro do PL de Minas Gerais na Casa Pampulha, logo depois de o vice-governador recebê-lo na Cidade Administrativa, sede do governo, assim que desembarcou em Belo Horizonte. O ex-presidente foi recebido com pompas de chefe de Estado, com acesso ao Palácio Tiradentes por um rampa raramente utilizada.
Ao entregar a medalha a Simões, Bolsonaro brincou. “Olha a responsabilidade, ein?”, disse o ex-presidente. Governador em exercício de Minas Gerais em razão da missão oficial de Romeu Zema (Novo) na Ásia, na China e no Japão, Simões foi o único quadro a compor o palanque do encontro estadual do PL que não era filiado ao partido.
Na última semana, Bolsonaro entregou a medalha “3 Is” a Gilberto Kassab, presidente estadual do PSD e secretário do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Até então, o ex-presidente tinha uma resistência a Kassab desde quando era ex-presidente, já que senadores do PSD integraram a CPI da Covid-19.
Antes de receber a medalha, Simões já havia feito um afago a Bolsonaro, que passou mal em uma agenda em Goiânia (GO) na última semana. “Estando com o senhor desde manhã, fico comovido por ver como o senhor vem a Belo Horizonte em uma semana em que deveria estar descansando. Perguntei a ele: ‘Michelle está achando o quê?’. Ele falou: ‘Está me xingando, é óbvio’. Michelle tem razão”, brincou.
Ao lado de Bolsonaro, o governador em exercício fez duras críticas ao PT, mas sem citar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Presidente, conte conosco para que a gente deixe o PT e a esquerda longe do poder, porque eles destroem tudo por onde passam e nós (Minas Gerais) somos exemplo disso. Conte com Minas, conte com Romeu Zema e conte conosco”, afirmou Simões.
Atrás do apoio do PL à sua candidatura ao governo de Minas, o vice-governador fez questão de citar o pedido do deputado federal Nikolas Ferreira (PL) e do deputado estadual Eduardo Azevedo (PL), irmão do senador Cleitinho (Republicanos), pela união da direita em Minas. “União no Estado, união federal, união para garantir que PT nunca mais. Que Lula seja extirpado da história de Minas e do Brasil”, atacou.
Nikolas e Cleitinho são cotados como potenciais adversários do governador em exercício dentro da direita nas eleições para o governo de Minas Gerais em 2026. Embora o deputado federal estivesse na Casa Pampulha, o senador não veio a Belo Horizonte, o que, segundo o próprio irmão, se deu por razões estritamente logísticas.
Assim como Bolsonaro, Nikolas fez um aceno ao vice-governador ao dizer que está “cagando” para status nas eleições de 2026. “Ano que vem, governador Mateus Simões, eu não tenho dúvidas que vai decidir os próximos 20, 30 anos de política no nosso país. O que está em jogo não é nome, não é status, não é voto. Desculpa o palavreado, estou cagando para isso”, apontou o deputado federal.
Eduardo fez um apelo pela união entre o vice-governador, Nikolas e Cleitinho nas eleições para o governo de Minas. “Eu tenho certeza que, com a União dos três, nós vamos passar por cima da esquerda em Minas Gerais igualzinho a um trator e vamos colocar o Lula, o (Rodrigo) Pacheco (potencial candidato) e todo mundo no seu lugar”, apontou o irmão de Cleitinho.
O presidente estadual do PL, Domingos Sávio, também fez coro à união da direita para as eleições para o Palácio Tiradentes em 2026. “A política, muitas vezes, é feita de gestos. O seu gesto, de aceitar o nosso convite e estar aqui, mostrando sua consideração com o PL, é um símbolo muito importante para o futuro de uma grande unidade em favor de Minas e do Brasil”, afirmou, se referindo a Simões.
Na última segunda (23 de junho), em um café com jornalistas, Simões fez um aceno ao PL ao colocar à disposição do partido uma das duas cadeiras ao Senado de uma eventual chapa encabeçada por ele. A outra seria do secretário de Estado de Governo, Marcelo Aro, que, filiado ao PP, traria consigo o apoio do União Brasil.
A relação entre o governo Zema e o PL é marcada por altos e baixos desde o início do segundo mandato do governador. Em fevereiro passado, o partido, que tem uma bancada de 11 deputados estaduais, deixou a base na Assembleia Legislativa de Minas Gerais sob acusações contra o Palácio Tiradentes de tentar interferir nos rumos da legenda.