O prefeito Fuad Noman (PSD) não irá interferir na eleição para a sucessão da Câmara Municipal de Belo Horizonte. A declaração foi dada aos 36 dos 41 vereadores, reeleitos e eleitos para a legislatura 2025-2028, presentes em um café da manhã, nesta quarta-feira (6 de novembro), no Salão Nobre da prefeitura. Tratado como institucional, o encontro foi o primeiro entre o prefeito e os parlamentares desde a reeleição, no último dia 27. 

Fuad, que viu o atual vice-presidente da Câmara, Juliano Lopes (Podemos), tornar público o apoio de outros 22 vereadores à sua candidatura, número suficiente para elegê-lo, repetiu a declaração em coletiva à imprensa. “Eu não vou interferir na eleição para a Câmara. A Câmara tem 41 vereadores. Eles são responsáveis pela eleição. Quem eles elegerem, eu bato palma”, reiterou o prefeito reeleito.

Questionado, então, se não lançaria o líder do governo, Bruno Miranda (PDT), para a sucessão, Fuad disse que não indica ninguém. “Se ele (Miranda) quiser se lançar, se os vereadores quiserem lançá-lo, se a esquerda quiser lançar mais um candidato, problema deles. A prefeitura não vai colocar a digital na eleição da Câmara”, frisou o prefeito. Miranda, que estava ao lado do chefe do Executivo durante a coletiva, concordou.

O café da manhã foi realizado dez dias depois do jantar promovido pelo secretário chefe de Estado da Casa Civil, Marcelo Aro, para viabilizar a candidatura de Juliano à presidência da Câmara. Entre os 22 vereadores que declararam apoio ao atual vice-presidente, estão até parlamentares eleitos por partidos que apoiaram a reeleição de Fuad, como Wanderley Porto (PRD), Michelly Siqueira (PRD), Rudson Paixão (SD), Diego Sanches (SD), Wagner Ferreira (PV) e Edmar Branco (PCdoB).

Um dos temores de Fuad ao lançar um candidato próprio para a presidência da Câmara Municipal seria repetir 2022, quando o então vereador Claudiney Dulim (Avante), apoiado pelo Executivo, foi derrotado pelo atual presidente, Gabriel Azevedo (MDB), por apenas um voto de diferença. À época, às vésperas da eleição, Gabriel se aliou a Aro para ter os votos necessários para derrotar Dulim. 

A derrota de Fuad deixou sequelas na relação entre o prefeito e Gabriel, que já era pré-candidato à prefeitura àquela altura. A administração municipal foi alvo de cinco comissões parlamentares de inquérito (CPIs) na Câmara e o prefeito chegou a ser ameaçado de impeachment, o que o levou a ceder quatro secretarias para Aro em troca do embarque do grupo na base do governo em busca de governabilidade.

Faltaram ao encontro no Salão Nobre da prefeitura as vereadoras reeleitas Professora Marlí (PP) e Marcela Trópia (Novo) e os vereadores eleitos Vile (PL), Leonardo Martins, o Tileléo (PP), e Lucas Ganem (Podemos). De acordo com a prefeitura, os quatro informaram, com antecedência, que não participariam do café da manhã com o prefeito, já que estão fora de Belo Horizonte. 

Além de Fuad, o vice-prefeito eleito, Álvaro Damião (União), e os secretários de Governo, Anselmo Domingos, e de Assuntos Institucionais e Comunicação Social, Paulo Lamac, participaram do café da manhã com os 36 vereadores. O presidente estadual do PSD, Cássio Soares, que foi o principal fiador da candidatura de Fuad à reeleição, também esteve presente.