O secretário de Estado de Governo de Minas Gerais, Gustavo Valadares, afirmou que o PSD é um dos partidos da base na Assembleia Legislativa (ALMG) mais fieis e leais ao governo Romeu Zema (Novo). Com 142 prefeitos eleitos no Estado nas últimas eleições, a sigla pode estar no lado oposto ao do vice-governador Mateus Simões (Novo), candidato de Zema à sucessão, em 2026.
Em entrevista exclusiva a O TEMPO, concedida em18 de dezembro,Valadares citou como exemplo o posicionamento da bancada do PSD, que tem dez dos 77 deputados estaduais, durante as votações de propostas do governo em plenário. “Você pode olhar o painel de votação que você vai ver 80% do PSD votando conosco em todos os projetos que a gente precisa. É das maiores bancadas e dos partidos mais leais que a gente tem lá dentro”, frisou o secretário de Governo.
A menos de dois anos das eleições para o governo estadual, Valadares disse não se preocupar com uma eventual saída do PSD da base de Zema na ALMG até 2026. “Eu não tenho esta preocupação, porque eles entenderam e sabem a missão que eles têm de, junto com este governo, que é um governo de pessoas capazes e de bem, construir um Estado melhor. Então, tenho certeza que o PSD vai continuar conosco”, assegurou ele.
A objeção de Zema em apoiar a reeleição do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), provocou ruídos na relação entre o governo e o PSD, cujo presidente estadual, Cássio Soares, é líder do bloco de governo na ALMG. Cássio ficou incomodado com a opção do governador em apoiar Mauro Tramonte (Republicanos) no 1º turno e Bruno Engler (PL), no 2º, dois deputados estaduais que também são da base de governo na Casa.
Logo após Zema tornar público o apoio a Engler, Cássio descartou um eventual desembarque do PSD da base, mas admitiu que o partido não recebeu a decisão do governador àquela altura de “bom grado”. “Consigo compreender (o apoio a Engler). Porém, é claro, não é algo que nós recebemos felizes, de bom grado, mas vamos continuar tocando a campanha (de Fuad) cientes de que sairemos vitoriosos. Os gestos vão ser digeridos ao longo do tempo”, acrescentou.
Após ter lançado o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (hoje sem partido) para enfrentar Zema em 2022, o PSD pode voltar a encabeçar uma chapa em 2026. Os nomes do senador Rodrigo Pacheco, que deixará a presidência do Congresso Nacional e deve assumir um ministério do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, são potenciais candidatos da legenda ao governo de Minas Gerais.
Apesar de confiar na permanência do PSD na base de Zema, Valadares reconhece que as eleições de 2026 podem interferir na relação entre o Palácio Tiradentes e a ALMG. “Óbvio que isso acaba já trazendo um stress a mais ou uma turbulência a mais nesta relação do Legislativo com o Executivo, mas a gente tem que conviver com isso. Isso não é novidade. Isso é algo que o Executivo vive a cada quatro anos. Então, a gente tem que saber lidar com isso”, avaliou o secretário.
De acordo com Valadares, o governo Zema, durante a segunda metade da legislatura, tem que se preocupar em trabalhar no dia a dia. “Como a relação (entre Executivo e Legislativo mudou), como o stress é permanente, como a negociação tem que ser projeto a projeto, a gente vai continuar trabalhando assim, no dia a dia. Eu não vou me preocupar com o que está para chegar lá na frente, não”, concluiu o deputado licenciado.