Lojas, restaurantes e vendedores que trabalham na Cidade Administrativa, sede do governo do Estado, estão preocupados com o futuro de seus empregos. Alguns empreendimentos já começaram a dispensar os funcionários, alegando que vão diminuir o quadro ou até mesmo fechar, após cerca de 7.000 servidores serem deslocados dos prédios Minas e Gerais para trabalharem de casa, devido a problemas nos elevadores, que podem ter sido causados por falhas estruturais dos prédios.
A reportagem de O TEMPO esteve na Cidade Administrativa nesta terça-feira (14) pela manhã e conversou com diversos funcionários, que relataram estar “totalmente no escuro”. Duas mulheres, inclusive, disseram que tinham acabado de ser dispensadas de um restaurante que fica no Centro de Convivência e costumava ter como clientela fixa os servidores.
“Antes, você nem conseguia ouvir sua voz aqui no restaurante, de tanta gente que tinha. Agora, está tudo vazio. O pessoal está vindo visitar, para aproveitar que não está tendo servidor. A gente não sabe o que vai acontecer com os restaurantes”, relatou uma funcionária.
O clima geral é de medo e apreensão, e os funcionários que continuam vindo à Cidade Administrativa passaram a chamá-la de cidade fantasma. A sensação é parecida com a da época da pandemia, quando grande parte dos servidores também ficaram de home office, e os empreendimentos do local fecharam.
Proprietários temem prejuízo similar à pandemia
Os proprietários das lojas e restaurantes da Cidade Administrativa relatam situação parecida com a pandemia da Covid-19. Uma barbearia que funcionava no local, inclusive, fechou as portas nesta segunda-feira, conforme relatou uma funcionária do Centro de Convivência.
Ela contou que lojas maiores, como a farmácia Araújo, por exemplo, possuem estrutura para continuar ativas até a reestruturação da Cidade Administrativa e volta dos servidores. Empreendimentos pequenos e locais, por outro lado, não conseguem ficar sem a clientela.
Antônio Marcos Oliveira é proprietário de três restaurantes na Cidade Administrativa, e já precisou fechar dois. No terceiro, os funcionários já foram avisados da possibilidade de encerramento das atividades.
"Eu já dei aviso para mais 20 funcionários. A clientela está bem fraca e vamos ter que aguardar nos próximos dias para ver se o número de servidores vai aumentar para conseguir manter a loja. É uma 'mini-pandemia' e a gente estava recuperando dela agora", comentou.
O governo de Minas Gerais, por meio de nota, afirmou que "os prestadores de serviço sediados no Centro de Convivência da Cidade Administrativa, incluindo restaurantes, lojas, cafeterias e demais comércios, foram contatados pela Seplag nos últimos dias para avaliação sobre as condições de funcionamento de suas atividades".
A nota informa, ainda, que após a análise do questionário "serão traçadas diretrizes relativas a eventuais alterações no funcionamento dos comércios instalados no complexo — bem como do transporte coletivo que atende o local".
Servidores de mudança
A reportagem do O TEMPO também flagrou diversos servidores deixando o prédio Gerais com caixas e sacolas. Segundo relataram, apenas algumas pessoas devem continuar presencialmente e passarão a trabalhar no primeiro ou segundo andar do prédio, sem precisar pegar os elevadores, que estão com defeitos.
Uma servidora da Secretaria da Agricultura, que não será identificada, contou à reportagem que não sente diferença entre trabalhar de home-office ou presencialmente. Isso, porque grande parte dos funcionários da pasta nunca voltaram totalmente ao modo presencial após a pandemia, visitando a Cidade Administrativa apenas um ou duas vezes por semana.
Por outro lado, uma servidora da mesma pasta que estava no local para recolher seus pertences, lamentou a decisão. À reportagem, ela disse que foi pega de surpresa com a notícia na última quinta-feira (9) à noite, e relatou que não tem nem computador, nem internet em casa para trabalhar. Segundo ela, o governo garantiu que iria disponibilizar o material.