A interdição dos elevadores de prédios da Cidade Administrativa começou a impactar também servidores que não trabalham na sede do Poder Executivo do estado, no bairro Serra Verde, região norte da capital.
Funcionários da Rádio Inconfidência, estatal do governo, foram desalojados nesta sexta (17/05) de seus postos de trabalho, no Centro de Cultura Presidente Itamar Franco, localizado no Barro Preto, região centro-sul da capital, que começaram a ser ocupados por servidores da Cidade Administrativa.
Os elevadores dos prédios Minas e Gerais da sede do Poder Público estadual estão paralisados desde o dia 10 de maio após laudo técnico detectar problema estrutural nos equipamentos. A expectativa é que somente ao final de 2024, após reparos, os elevadores voltarão a funcionar.
Com isso, parte dos servidores da Cidade Administrativa, cerca de 7.000 dos 8.000 que trabalham na sede do Poder Executivo, foi colocada em home office. Há, porém, funcionários que, pelas funções que ocupam, precisam manter o regime presencial.
Segundo o Sindicato Único dos Trabalhadores em Saúde (Sind-Saúde-MG), que acompanha o impacto da interrupção do funcionamento dos elevadores, servidores estão sendo obrigados a assinar um termo de compromisso para acessar os prédios e trabalhar. As edificações têm 14 andares e o acesso, agora, é exclusivo pelas escadas.
O governo do estado não respondeu questionamentos sobre os motivos pelos quais funcionários da Cidade Administrativas foram deslocados para as instalações da Rádio Inconfidência.
A redação da emissora, que conta com nove profissionais, funcionava no terceiro andar do prédio do Centro Itamar Franco e foi deslocada para o subsolo, segundo informações da presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, Lina Rocha.
O governo do estado também não informou quais secretarias enviaram servidores para a Rádio Inconfidência, nem o número de funcionários que passarão a trabalhar onde funcionava a emissora.
O comando do sindicato afirma ainda que não houve negociação com os trabalhadores da rádio para a mudança. Diz também que a transferência para o subsolo prejudica o trabalho de repórteres e produtores, por problemas no sinal de telefones celulares.
Segundo Lina Rocha, setores da própria rádio vão para o terceiro andar e os servidores da Cidade Administrativa ficarão no segundo, ocupado anteriormente por esses setores. No subsolo, para onde foi deslocada a redação da Inconfidência, funciona a redação da TV Minas, também estatal.
A transferência da redação da Inconfidência para o mesmo andar do ocupado pela emissora de televisão, na avaliação do sindicato, teria como objetivo encaminhar um projeto que o estado quer colocar em prática, mas que é rechaçado pela categoria.
O projeto é fazer com que funcionários da rádio trabalhem para a televisão e vice-versa. O sindicato argumenta, no entanto, tratar-se de duas empresas diferentes e, portanto, não há como os servidores de uma trabalharem para a outra ao mesmo tempo.
"Há uma pressão para que haja essa integração e os jornalistas (da Inconfidência) agora estarão mais próximos da emissora. A gente acredita que seja uma tentativa de aproximação e integração de fato", argumenta Lina. A preocupação do sindicato foi repassada ao governo, mas também não houve retorno.
AVCB
A deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) vai cobrar em audiência a ser marcada na Comissão de Administração Pública, explicações do governo do estado sobre a falta do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) da Cidade Administrativa, conforme mostrou reportagem de O Tempo.
Os prédios Tiradentes, onde fica o governador do Estado, Minas e Gerais, que reúne a maior parte das secretarias, não possui o documento, exigido pelos bombeiros para o uso de qualquer edificação, seja pública ou privada. "Essa ausência de alvará é gravíssima", apontou a parlamentar.
Inaugurada em 2010, a Cidade Administrativa nunca teve o documento. O governo Zema afirma estar em conversas com o Corpo de Bombeiros, cujo comando fica na Cidade Administrativa, para obter o certificado.
A administração diz ainda que a dificuldade em obter o AVCB ocorre pelas constantes alterações feitas na disposição dos postos de serviço dos servidores e dos setores internos das secretarias, movimento que, conforme o governo, é necessário para o funcionamento das pastas.